CARAMELOS
DELICIOSOS
Helio Fernando Salema
Saí da pizzaria, caminhava para tomar o metrô. Meu desejo
era ir para casa, ouvir música e dormir. Mas surgiram na minha frente duas
amigas. Foi um ótimo encontro.
Só não imaginava a mudança que iria ocorrer.
Ficamos contentes, pois há muito tempo que não nos
víamos. Lembramos que a última vez foi numa festa organizada por uma delas, a
Sara. Que fez questão de ressaltar a minha participação naquele evento.
Realmente, colaborei com sugestões, ajudei nas compras e
na arrumação, que ela insistia chamar de decoração.
Nesse instante aparece a ”figurinha” conhecida como
SHIELA, mas no registro Shirlei Elena.
Já chegou intrometendo-se:
— Vocês vão no niver
da Margarida? Lógico que vão né?
— Não! Estamos indo para a casa da Marisa. Respondeu
Sara.
— Quem? Eu não conheço!
Luciana completou:
— Colega nossa de trabalho.
— Posso ir também?
Sabendo que não haveria outra alternativa, Sara se
adiantou:
— Vamos logo, é aqui perto, no outro quarteirão.
Avisei que não iria. Luciana com aquela postura de
mandona, que possuía, olhou para mim e ordenou:
— Vamos!
Usei todo o meu talento e argumentos:
— Claro que não! Não conheço a dita cuja. Não fui
convidado. Não tenho vocação para penetra. Ainda mais, não tenho presente para
a aniversariante. Acabei de saborear e me empanturrar de pizza. Trabalhei que
nem um burro velho, transportando carga pesada.
Inclinei-me em direção a Sara para dar os beijinhos de
despedida. Luciana me agarrou pelo braço e ordenou:
— Vamos! Não é hora de despedida.
Assim, com apoio da Sara, Luciana foi me puxando pelos
braços. Literalmente arrastado por duas mulheres, sem nenhum homem por perto
para me socorrer. Somente atrás de mim Shiela, convidando-se:
— Então eu vou com vocês.
Luciana e Sara se mantiveram caladas como se estivessem
dando recado para a penetra audaciosa.
Na entrada do prédio, o porteiro que conversava com
outras senhoras, arregalou os olhos. Perguntou se precisávamos de ajuda.
Imaginei minha cara, era de alguém passando muito mal. Elas que, certamente,
eram frequentadoras do prédio, ele as conhecia de longa data. Elas então, apressaram-se
em dizer que não havia necessidade.
Por um instante, pensei em fingir que estava mesmo
passando mal e assim escapar. Certamente, não daria certo. Perderia de 3 x 1.
Aceitei a derrota. Fomos para outro jogo. Num campo que
não conhecia e em desvantagem numérica.
Ao chegarmos fomos recebidos com muita alegria pela
aniversariante, Marisa. Também pela meia dúzia de mulheres que ali estavam, ou
seja, a maioria numérica era feminina.
Antecipei-me para desculpar e explicar por não ter levado
presente. A aniversariante, muito simpática, disse que a nossa presença era o
melhor presente. Que eu era muito importante para que não parecesse o Clube das
Luluzinhas.
Shiela, como não deixava passar em branco:
— Também se ele trouxesse, pão duro do jeito que é, seria
a famosa ”lembrancinha”.
Houve uma explosão de risos, o que me deixou ainda mais
envergonhado. No pensamento eu enviei Shiela para vários lugares conhecidíssimos,
inclusive para a ponte que caiu.
Luciana explicou que Marisa tinha prazer em receber
pessoas. Ela é que nos presenteava com seus maravilhosos doces. Minhas três
amigas fizeram questão de me levar até o recanto das formigas.
Meus olhos fitavam e minha boca transbordava de saliva
“Meus preferidos caramelos havia, percebi assim que os vi sobre a mesa, uma
verdadeira adoração. ”
Minhas amigas, unidas como, três “moscas inteiras”, me
acompanharam na maravilhosa batalha de provar todo aquele arsenal. Cada doce
era seguido de comentários exaltados de Shiela:
— Nossa, que delícia! …Nunca provei coisa igual! … Não dá
mesmo vontade de parar. Não é?
Em silêncio e concentrado nos caramelos, ignorei o palavreado
de Shiela.
Para a Marisa, que estava ao meu lado, expliquei o meu
encanto por caramelos. À medida que os saboreava fazia sinceros elogios.
Pela expressão da aniversariante, fiquei tranquilo. Vi
que ela demonstrava satisfação pela minha
aprovação e elogios, recebia-os como meu presente.