Ah!
Os faróis de Maine...
Dinah Ribeiro de Amorim
Maine, uma bela cidade litorânea dos Estados Unidos, além das belezas
naturais e das incríveis construções, tem uma enorme produção de lagostas em
suas águas, tornando-se a grande riqueza econômica da região. Atrai inúmeros
turistas, e pessoas interessadas nesse tipo de comércio. A movimentação de
embarcações em seu porto é grande, por causa disso há cerca de sessenta faróis
que iluminam suas noites, cruzando os ares com suas luzes, orientando nos mares
bravios os navios mais tardios. Seu observatório é um dos mais altos e
poderosos do mundo.
Neste lugar encantador, aportou um dia, Richard, um robusto rapaz
holandês, muito louro, bonito, que apaixonando-se pelo local, acabou se
estabelecendo na pensão da simpática Shirley, e sua filha Nancy de dezesseis
anos, muito desenvolvida para a idade, aparentando ser mais adulta.
Richard e Nancy, atraídos mutuamente, logo
travaram grande amizade. Combinavam passeios, trocavam palavras desconhecidas,
aprenderam um a linguagem do outro.
Numa bela noite enluarada, dessas que não
se consegue ficar em casa, resolveram ir até o cais, observar os faróis.
Caminharam até o observatório da ponte,
subiram seus inúmeros degraus, chegando cansados, ao ponto mais alto.
Maravilhados com aquele encontro de luzes, águas negras batendo nas rochas em
forma de espumas brancas, semelhante a flocos de neve faiscantes, como se as
estrelas do céu estivessem refletindo seu brilho dentro do mar, perceberam uma
pequena embarcação chegando, calmamente, aproximando-se do ancoradouro.
Olhando mais atentamente, reconheceram o barco de Mestre William, um dos
pescadores locais, chegando tardiamente e pouco iluminado. Preocupados, supondo
que poderia estar ocorrendo algo anormal, avisaram a guarda costeira que logo o
iluminou com seus faróis, tornando totalmente visível a embarcação.
Ah! Os faróis de Maine!
Sessenta faróis iluminando em cheio o barco
de Mestre William, era como se tivesse nascido o dia!
Assustado, Mestre William, apareceu no
convés, seguido de uma mulher desajeitada, com os cabelos desalinhados,
tentando rapidamente se compor. Muito sem jeito, o Mestre fez um sinal com as
mãos, avisando a polícia que estava tudo bem.
Saíra apenas para um pequeno passeio com a
namorada – pensou - e logo ficou todo a descoberto.
Nancy e Richard, com gargalhadas maliciosas, desceram rapidamente as
escadas, loucos para contar a nova fofoca da cidade: o namoro de Mestre William
com uma desconhecida.
Ao
entrarem em casa, procuraram por Shirley, mãe de Nancy, acreditando que ela
amaria saber o que haviam feito. Shirley era louca por uma piada! Mas, não a encontram. Chamaram seu nome e,
nada. Esperaram na sala e, meio sem jeito, apressada e desarrumada, de olhos
baixos, depararam à porta com uma Shirley tímida, envergonhada, que correu para
seu quarto.