VIAGEM DE NAVIO
Alberto Landi
Um dos meus sonhos era viajar de navio, num
cruzeiro, atravessando mares!
O desconhecido para alguns representa o medo, para
outros, a fascinação de novas descobertas com suas maravilhas. E quem se
aventura a ir onde pessoas jamais estiveram, se torna um afortunado!
Mas aconteceu, e quando subi as escadas, não
acreditei que era real.
Foi assim que resolvi embarcar num cruzeiro rumo ao
Alasca, partindo do porto de Seattle.
A vantagem de se estar embarcado, é o conforto e a
comodidade de ver paisagens lindas e inesquecíveis sem precisar se preocupar
com locomoção e hospedagem. A cada parada é possível conhecer pequenos lugares
que ainda mantêm estilo de vida pacato e quase isolado do mundo ou lugares
movimentados, mas inesquecíveis.
Escolhi o Alasca, porque é terra de superlativos, é
o maior estado americano, abriga o maior pico, o maior parque nacional e a
maior floresta dos Estados Unidos. Há glaciares mais extensos que países
inteiros, baleia Jubarte de até 15 metros e ursos polares de até 500 kilos.
A primeira parada seria em Anchorage, que é a maior
cidade desse estado, situada entre a cordilheira do Alasca e as montanhas
Chugach.
Ao adentrar, após as formalidades de praxe, me
dirigi à cabine, sendo esta com varanda com vista para o mar, garantindo um
visual deslumbrante.
A acomodação da cabine era como de um hotel de
luxo, possuindo todas as amenities, uma cama com um edredom branco
e toalhas dobradas, imitando cisne!
A janela que ocupava toda a parede mostrava uma
paisagem maravilhosa do mar de cor azul e bem lá no horizonte, o encontro com o
céu azulado e o sol se escondendo atrás das nuvens, parecia mais um quadro
pintado pelo mais poderoso Arquiteto da natureza. Tanto o quarto como a sala de
estar da cabine exalavam um perfume de lavanda propiciando ao ambiente leveza e
aconchego.
Espaçosa, confortável, com entrada de luz natural,
a varanda privativa ideal para relaxar, ler um livro, tomar café da manhã,
tinha um bom isolamento acústico, localização distante de espaços de
movimentação noturna, como teatros, cassinos e boates, e dos elevadores.
No entanto, estava bem próxima da proa, de forma
que se sentia mais intensa a movimentação da embarcação. A cabine não era
obstruída por nenhum bote salva vidas ou outra estrutura, porém, é a mais
afetada pelo movimento das ondas que à noite embalava o sono
Há a vantagem também de os percursos, entre um
destino e outro, serem feitos à noite, enquanto se assiste a ótimas peças
de teatro ou cinema, ou ainda outras atividades.
Sempre que se aproximava de um porto, havia bandos
de aves sobrevoando toda a extensão do navio.
No terceiro dia de navegação, acordei cedo como
habitualmente faço e nesse momento, vejo o horizonte e contemplo o seu
esplendor com o céu límpido e ainda semiescuro que se estendia até os limites
do horizonte, se erguendo ao céu com luzes alaranjadas que se espalharam em um
leque vivo de cor intensa que se desvanecia à medida que o sol começava a
apontar na vasta imensidão do oceano.
Esses mares do Alasca são frios e perigosos, muitos
já se aventuraram em pequenas embarcações e poucos voltaram, não se pode contar
apenas com a sorte.
Nesse dia o mar estava calmo e na varanda fui
surpreendido com um grande número de peixes voadores, fiquei maravilhado, pois
pareciam peixes de prata polida, e ao longe havia tubarões que com certeza
seguiam aqueles cardumes.
O sol oscilava na vastidão do oceano e os meus
olhos eram capazes de acompanhá-lo lentamente, subindo e descendo majestoso,
formando uma ponte de ouro que brilhava na água, quase tocando a linha do
horizonte.
De repente, um ciclone surgiu em nossa rota,
tornando a navegação complicada, ondas gigantescas e ventos fortes apareceram,
fazendo a embarcação inclinar para ambos os lados; isso continuou até o
entardecer.
Um nevoeiro se fez e foi preciso fazer desvio de
rota. Conforme o nevoeiro se dissipava, nos deparamos com uma enorme parede glacial
que mais parecia um território desconhecido e inexplorado.
Nessa enorme parede glacial jamais foi encontrada
uma abertura, quaisquer fissuras ou promontórios em sua face que permitisse
adentrar.
Parecia que estávamos navegando em um círculo
fechado, essa parede glacial se estendia muito mais além do alcance de nossas
vistas, circundando e mantendo juntas as terras continentais para as quais
tenham sido fixadas desde a criação.
Enfim, foi a mais espetacular viagem que fiz em
toda minha vida!