UM PRESENTE ESPECIAL PARA A MULHER DO CARROCEIRO
Do Carmo
João e Maria formam um
casal feliz há vinte e dois anos, mesmo não tendo filhos. Trabalhavam em
conjunto na pequena chácara, atrás da casa que construíram antes do casamento.
Maria cuidava nos
afazeres domésticos e ajudava o marido na colheita e armazenamento dos legumes,
verduras e frutas , que cultivavam, os quais eram acomodados com cuidado, em
cestos de vime, pois, segundo ela, ventilava os alimentos enquanto esperavam o
momento das vendas.
A carroça de João, também
muito bem conservada por Maria, estava sempre limpa a mula que a puxava bem
alimentada, bem como o pequeno toldo que abrigava o condutor e a caçamba que transportava
as mercadorias.
Diariamente, por volta
das quinze horas, cansado, mas sorridente, João chegava em casa, gritando por
Maria, que logo se acercava dele com uma sacolinha nas mãos. Era a “Sacolinha
do Tesouro”, como diziam, pois toda renda das vendas era, religiosamente,
guardada, depois de conferidas e separada uma parte, para as necessidades de
sobrevivência.
Certo dia, João chegou
mais alegre e gritando mais alto. Maria estranhou toda aquela euforia, porém,
João saltou da carroça, abraçou com muito amor sua querida esposa e com voz
embargada foi dizendo que ela não iria acreditar, pois restou um bonito
repolho, que ninguém quis comprar. Então pensei em pedir para que o preparasse
para o jantar.
Maria olhou os cestos e
de repente parou. Em um deles, encontrou dormindo, um rosado e gorducho bebê,
tal e qual idealizava em seus sonhos, para ser seu filho.
Ela começou a chorar e
João abraçou-a, novamente, beijou-lhe o rosto molhado e muito emocionado, sussurrou-lhe
ao ouvido, que do nada, naquele dia o sonho dela estava se tornando realidade e
a felicidade , completa. Hoje, João e Maria, casados há quarenta e seis anos,
preparam-se orgulhosos e entusiasmados para assistirem a solenidade da colação
de grau do jovem Vitório, único e querido filho do casal.