DESTINOS
MARCADOS
Henrique
Schnaider
A alameda estava toda
arborizada, as copas robustas ostentavam folhagens verdes e tenras, algumas
flores se mostravam no topo do Ipê amarelo, o Manacá, adiantado, já floriu
tingindo de lilás e branco aquele trecho da via. Joana caminhava justamente por
ali sentindo o perfume do manacá, quando repentinamente deparou-se com Álvaro.
Há quantos anos não o vejo! – Pensou surpresa. Ele também demonstrou alegria em
encontrá-la. Caminharam lado a lado conversando por alguns quarteirões. Falavam
do passado, relembravam os velhos tempos quando se conheceram na faculdade, ela
cursando Direito, e ele, Psicanálise.
Depois o tempo se incumbiu
de separá-los, cada um seguiu o seu caminho e nunca mais se viram. As coisas
acontecem de maneira inexplicável. Joana sentia uma grande solidão, e o colega
dos tempos de Faculdade, sem saber colocou-se no seu caminho para naquele
momento ouvir seu desabafo.
Álvaro era psicanalista e
passaram dali para frente a se encontrar constantemente. Batiam longos papos.
Até que Joana descobriu que na solidão é que existia o seu eu verdadeiro, e
pôs-se a pintar, passou a criar obras impressionistas. Incentivada por Álvaro, ela foi se entregando
à arte, e assim, foram ficando cada vez mais próximos. De repente, Joana já não
sentia aquela solidão que tanto a atormentava.
A paixão foi inevitável.
Sentiam-se incentivados
nas suas carreiras. Ele abriu um consultório em rua movimentada de grande
prestígio. Ela largou a Advocacia para se dedicar de corpo e alma a pintura.
As telas seguindo a linha
impressionista de Van Gogh já eram procuradas. Com apoio de Álvaro a exposição
estava sendo preparada para ser o maior sucesso.
Para delírio de Joana a
exposição foi muito bem-sucedida, os quadros tinham uma procura enorme. O nome
dela já era apontado como artista de renome.
Tudo estava como num sonho
encantado, quando Álvaro pediu para Joana que gostaria de casar-se com ela e
viver um sonho dourado junto.
Joana depois do pedido de
casamento sentiu-se em conflito, pois temia que com o casamento viessem as
atribuições que normalmente vêm com o matrimônio: família, filhos,
responsabilidades. Todos estes fatores, fatalmente complicariam a sua arte,
pois não conseguiria dedicar-se plenamente a sua arte.
A decisão foi difícil, mas
Joana disse não ao pedido de Álvaro. Sentia uma necessidade muito grande de
continuar sua carreira, E ali terminou o
lindo namoro de Joana e Álvaro, cada um seguindo o seu caminho.
Os anos passaram
rapidamente e Joana tornou-se uma brilhante artista, famosa e rica.
Álvaro seguiu na carreira
de Psicanalista com seu consultório e estava também muito bem financeiramente.
Apesar de todo o sucesso
Joana estava inquieta, sentindo novamente a solidão que angustiou um dia, alguma
coisa estava errada, apesar de ser uma mulher realizada.
Voltou a caminhar, o que
lhe fazia muito bem. Passava, costumeiramente naquela Alameda onde encontrou Álvaro
perto do Manacazeiro. E assim o fez naquela manhã cinzenta e fria de inverno.
Eis que, de repente, avista Álvaro. Ambos se abraçam longamente, e um beijo
longo e terno se fez necessário. Estavam apaixonados ainda.
Compreenderam naquele
instante que tinham sido feitos um para o outro.
Sim, Joana continuaria sua
carreira, mas enfrentaria os desafios do casamento. E, Álvaro realizaria o
sonho de há muito acalentado que era casar com Joana.