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domingo, 1 de outubro de 2017

DESTINOS MARCADOS - Henrique Schnaider

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DESTINOS MARCADOS
Henrique Schnaider

A alameda estava toda arborizada, as copas robustas ostentavam folhagens verdes e tenras, algumas flores se mostravam no topo do Ipê amarelo, o Manacá, adiantado, já floriu tingindo de lilás e branco aquele trecho da via. Joana caminhava justamente por ali sentindo o perfume do manacá, quando repentinamente deparou-se com Álvaro. Há quantos anos não o vejo! – Pensou surpresa. Ele também demonstrou alegria em encontrá-la. Caminharam lado a lado conversando por alguns quarteirões. Falavam do passado, relembravam os velhos tempos quando se conheceram na faculdade, ela cursando Direito, e ele, Psicanálise.

Depois o tempo se incumbiu de separá-los, cada um seguiu o seu caminho e nunca mais se viram. As coisas acontecem de maneira inexplicável. Joana sentia uma grande solidão, e o colega dos tempos de Faculdade, sem saber colocou-se no seu caminho para naquele momento ouvir seu desabafo.
Álvaro era psicanalista e passaram dali para frente a se encontrar constantemente. Batiam longos papos. Até que Joana descobriu que na solidão é que existia o seu eu verdadeiro, e pôs-se a pintar, passou a criar obras impressionistas.  Incentivada por Álvaro, ela foi se entregando à arte, e assim, foram ficando cada vez mais próximos. De repente, Joana já não sentia aquela solidão que tanto a atormentava.

A paixão foi inevitável.

Sentiam-se incentivados nas suas carreiras. Ele abriu um consultório em rua movimentada de grande prestígio. Ela largou a Advocacia para se dedicar de corpo e alma a pintura.

As telas seguindo a linha impressionista de Van Gogh já eram procuradas. Com apoio de Álvaro a exposição estava sendo preparada para ser o maior sucesso.

Para delírio de Joana a exposição foi muito bem-sucedida, os quadros tinham uma procura enorme. O nome dela já era apontado como artista de renome.  

Tudo estava como num sonho encantado, quando Álvaro pediu para Joana que gostaria de casar-se com ela e viver um sonho dourado junto.

Joana depois do pedido de casamento sentiu-se em conflito, pois temia que com o casamento viessem as atribuições que normalmente vêm com o matrimônio: família, filhos, responsabilidades. Todos estes fatores, fatalmente complicariam a sua arte, pois não conseguiria dedicar-se plenamente a sua arte.

A decisão foi difícil, mas Joana disse não ao pedido de Álvaro. Sentia uma necessidade muito grande de continuar sua carreira,  E ali terminou o lindo namoro de Joana e Álvaro, cada um seguindo o seu caminho.

Os anos passaram rapidamente e Joana tornou-se uma brilhante artista, famosa e rica.

Álvaro seguiu na carreira de Psicanalista com seu consultório e estava também muito bem financeiramente.
Apesar de todo o sucesso Joana estava inquieta, sentindo novamente a solidão que angustiou um dia, alguma coisa estava errada, apesar de ser uma mulher realizada.

Voltou a caminhar, o que lhe fazia muito bem. Passava, costumeiramente naquela Alameda onde encontrou Álvaro perto do Manacazeiro. E assim o fez naquela manhã cinzenta e fria de inverno. Eis que, de repente, avista Álvaro. Ambos se abraçam longamente, e um beijo longo e terno se fez necessário. Estavam apaixonados ainda.

Compreenderam naquele instante que tinham sido feitos um para o outro.


Sim, Joana continuaria sua carreira, mas enfrentaria os desafios do casamento. E, Álvaro realizaria o sonho de há muito acalentado que era casar com Joana.

UM DIA DE HORROR - HENRIQUE SCHNAIDER

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UM DIA DE HORROR
Henrique Schnaider

Camila não estava muito bem naquela manhã, andava angustiada para lá e para cá, tinha mau pressentimento dentro dela.    

Ela aguardava, angustiadamente, por um telefonema de seu pai que prometera vir as dez horas e já passava das onze.

O sol estava escaldante e não havia como se refrescar naquele jardim sem sombra. A arandela redonda desligada àquela hora do dia, fazia-a lembrar-se de pai, estiveram ali na noite anterior admirando a luz intensa que ela emanava.
Apesar da intensidade do sol, a jovem vê um suspeito há tempos parado ao portão. Vem-lhe o medo, o pavor, não era a primeira vez que ela o via rondando a casa. Camila se apressa e, apavorada, pega o carro acelerando em disparada.

Em trânsito ela telefone para o pai e conta sobre o suspeito. Talvez ele queira roubar a casa, ela disse.

Ela deu a volta no quarteirão e não viu mais o homem ao portão, mas a porta da frente estava entreaberta. De novo o medo tomou conta dela. Mas, precisa ter certeza de que o tal homem entrou mesmo em sua casa. Tira uma tesoura da bolsa e, trêmula, resolve enfrenta-lo.

Conhece aquela casa como ninguém. Está lá desde que nasceu, sabe onde as tábuas rangem, quais portas gemem. Nervosa, sobre as escadas cautelosamente, e fica surpresa ao ver o sótão aberto. Sente tontura, mas reage.

Ouve motores de automóveis à frente da casa. Deve ser a polícia, papai deve ter chamado, pensa ela.  Os olhos não saem do sótão. Tudo está escuro por lá, mas a porta, quem a abriu? Ela adianta mais alguns passos, decide entrar no cômodo. A polícia deve estar entrando na casa agora, pensa.

Avança porta adentro e imediatamente, tropeça num corpo. Num sobressalto recua aos solavancos. Logo reconhece Maria sua empregada que jazia ali, ao seu lado uma faca. Camila percebe mais alguém perto dela. Ela então o vê. Ele está com um olhar enlouquecido, reconheceu-o, era o namorado de Maria, que acabara de cometer aquele crime hediondo.

Para seu alivio a polícia logo iluminou o ambiente, tranquilizando Camila e retirando-a chorando, inconformada com a cena que acabara de ver.

A polícia prendeu Roberto, que confessou o crime que cometera por motivo passional.

Diante de todo este quadro de horror, Camila sentiu-se angustiada, pois naquela manhã, tivera um pressentimento de que algo ruim iria acontecer.

O pai de Camila chegou nervoso sem entender ainda o que havia acontecido. Abraça carinhosamente a filha e leva-a para o jardim, precisava ouvi-la contar a história de horror que ela acabara de passar. 


O CASAMENTO REAL - Alberto Landi

  O CASAMENTO REAL Alberto Landi  Em uma manhã ensolarada de 22 de maio de 1886, as ruas de Lisboa se encheram de flores e música para cel...