O EMPURRÃOZINHO!
Amora
Mariza
é uma moça simples, meiga e bonita. Além da boa aparência, possui uma qualidade
notável, a bondade. Habituou-se aos afazeres do campo, veste-se com modéstia,
sem vaidade, diferente das moças de sua idade,
que gostam de ostentação. Vive afastada da cidade, num sítio herdado dos
pais, com Dona Ana, uma senhora que serve à família há muitos anos, sua única
companhia.
Quase
não participa das festas da região. Espanta-se muito quando recebe um convite
de casamento de uma moça da vizinhança conhecida por sua riqueza
e elegância.
Suas
famílias haviam sido muito amigas e não havia jeito de recusar sem causar
constrangimento.
Preocupa-se,
então, com o vestido que iria usar. Examina seu guarda roupa e percebe que
nenhum seria muito adequado. Talvez, um antigo, de sua mãe, de tecido mais
caro, com pequenos bordados. Depois de pequenos ajustes, poderia lhe servir.
Tira-o
do cabide e nota, com tristeza, o cheiro de bolor e pequenos buracos roídos por
traças! Também, tanto tempo guardado! Esquecera-se de colocá-lo ao sol.
Sentada
na varanda, tenta arrumá-lo, fechando com delicadeza os furos e pedindo a Dª
Ana para ir de carroça comprar algum enfeite que servisse como bordado,
disfarçando o remendo.
Entristece-se
um pouco, pois perdera o hábito de sair e acompanhar a moda das moças do lugar.
Arrepende-se de não ter frequentado muito os acontecimentos sociais. Afinal, era ainda jovem e, formosa.
Estava deixando a mocidade passar sem aproveitá-la.
Com
algumas fitas e rendas trazidas por Dª Ana, tenta suavizar um pouco a
antiguidade da roupa, percebendo ao terminar que não ficou tão bom como queria.
Resolve
não ir mais ao casamento, o que contraria muito Dª Ana, torcendo para vê-la aproveitar um pouco a vida
e arranjar, quem sabe, um pretendente.
Com
o trabalho no sítio, as despesas eram grandes e, comprar roupa nova, seria
impossível no momento.
Mariza
abandona o vestido numa cadeira da varanda e entra em casa, desgostosa. Sonhou
em ir à festa, mas acabou por desistir.
Nuvens
grossas escurecem o céu de repente. O azul brilhante e claro, iluminado pelos
últimos raios solares, transforma-se em tons de cinza. Um vento bravo e uivante
anuncia forte tempestade. A moça se lembra do vestido jogado e corre para
buscá-lo. Um pouco tarde! O vento o está levando para o alto, fazendo com que
uma fita se solte, ficando semelhante a uma pipa que, empinada, penetra e some dentro
da nuvem.
Mariza
tenta puxá-lo com força, antes que se desfaça todo. Fora de sua mãe, pretendia
guardá-lo com carinho.
A
tempestade é rápida, cessa o vento e vem uma calmaria. A jovem ainda segura
firme na fita, tentando puxá-lo.
O
vestido volta, caindo aos seus pés, levemente, como uma pétala de rosa. Ela
olha-o assustada! Não é mais o mesmo vestido. De antigo, molhado e feio, transformara-se
num lindo vestido azul, cintilante, com delicado bordado de pérolas. Um vestido
de sonho de contos de fadas. Mariza
seria uma nova Cinderela?
Sem
questionar muito, vai ao casamento, atraindo logo o jovem que se tornaria seu
esposo.
O
destino, às vezes, necessita de um empurrãozinho!
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