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segunda-feira, 24 de junho de 2024

A lenda de Barba Negra - Alberto Landi

 



A lenda de Barba Negra

Alberto Landi

 

No auge dos tempos dourados da pirataria, havia um temido capitão que aterrorizava os mares do Caribe e saqueava vilas. Era temido pelos marinheiros e comerciantes de todas as nações, seu nome Barba Negra.

Com sua barba longa emaranhada e encharcada de rum e fumaça de tabaco, ele comandava um navio negro como a noite, batizado de Pérola Negra.

Os relatos sobre ele eram repletos de horror. Dizia-se que ele possuía um olhar capaz de congelar o sangue nas veias de qualquer homem e que seus risos ecoavam como trovões em meio a tempestades, ele era um vulcão de raiva, pronto para entrar em erupção a qualquer momento, a raiva queimava dentro dele como fogo selvagem. Costumava ter pistolas em volta do peito, amedrontando todos.

Seu navio era decorado com caveiras e ossos, e os poucos sobreviventes dos seus ataques afirmavam que a tripulação era composta por fantasmas e demônios.

A bandeira com a imagem de uma caveira com os ossos cruzados é conhecida como um símbolo associado à pirataria. A imagem da caveira representa a morte, enquanto os ossos cruzados simbolizavam a mortalidade humana. Era usada para intimidar as vítimas em potencial, sinalizando que os piratas estavam dispostos a lutar até a morte. Não era por acaso que não havia quem não temesse ao ver flutuar a bandeira representando um esqueleto.

Era uma noite com muito nevoeiro quando o navio fantasma foi avistado ao longo da costa lançando uma sombra tenebrosa sobre a pequena vila costeira.

Os moradores, apavorados, se apressavam em trancar as portas e janelas, rezando para que esse terrível pirata sanguinário não escolhesse a vila como seu próximo alvo.

A pequena comunidade se manteve em silêncio, esperando pelo pior, até que uma figura enigmática encapuzada emergiu da neblina que atingia a vila naquele momento e se dirigiu ao navio fantasma, agora atracado no pequeno porto que ali existia.

Era um marinheiro conhecido como capitão Locker que já havia enfrentado há algum tempo alguns corsários.

Com os olhos bem fixos e determinados, ele desafiou o valente pirata para um duelo.

Foi muito intenso o confronto com espadas reluzentes sob a luz do luar.

Os moradores ainda apavorados assistiam segurando a respiração, enquanto as laminas de aço das espadas tilintavam no ar.

Com um golpe certeiro, Locker conseguiu desarmar e vencer o valentão que, caído ao chão, não mostrou raiva e ainda deu uma risada estrondosa, dizendo:

— Você é muito digno de me enfrentar, enquanto estendia a mão em sinal de respeito e amizade para Locker.

O pirata fez um juramento ao marinheiro de nunca mais ameaçar qualquer vila ou outro assentamento costeiro, desde que sua vida fosse poupada.

Agora a alegria em seus olhos era como um nascer do sol radiante após uma longa noite.

A risada era como uma melodia, que cativava as pessoas ao seu redor.

Desde então seu nome passou a ser lembrado não apenas pelo medo que inspirava, mas também pela lenda do capitão que encontrou redenção e paz nos mares revoltos e tumultuados do Caribe!

 

SUSTO À PRIMEIRA VISTA - Vanessa Proteu

 



SUSTO À PRIMEIRA VISTA

Vanessa Proteu

 

Ana, de repente, ouve um barulho na cozinha e vai verificar. É noite e o relógio na parede começa a badalar. Ela se vira e se depara com um vulto. Ana corre desesperadamente e abandona a casa alegando haver nela uma figura estranha capaz de causar pavor e desespero em quem mora lá. Essa é a lembrança da última vez que Alfredo, um jovem fantasma, conseguira assustar alguém.

Ele está indignado, pois nos últimos tempos, suas tentativas de causar pânico nas pessoas não estavam funcionando como antes. E o famoso “buuuuu!” já não era mais tão assustador, nem mesmo os grunhidos no meio da noite. Sem emprego, sem diversão, esse fantasma carioca estava meio deprê.  Há tempos não aparecia nenhum morador na sua casa na rua do ouvidor, número 100. Alfredo trancara-se no porão, pois já havia desistido da vida, se é que podemos dizer que assombração tem vida.

Numa manhã, porém, ele ouviu uma movimentação estranha:

— Mermão, o que será isso? — perguntou a si. Para sua surpresa, era a família de Brenda, uma adolescente mimada e cheia de manias, obcecada por beleza e exageradamente fresca.

Alfredo logo se animou:

— Agora sim... Mas como vou fazer para espantá-los? Faz tanto tempo que não faço isso, cara! Vou precisar de um plano.  Já sei, quando a galera estiver dormindo, eu derrubarei algumas coisas, faço as portas se baterem e, quem sabe, até faça as luzes piscarem. Mas, e quando eles me virem?  Hum... Deixa eu pensar... Acho que vou dar uma gargalhada bem forte que até as janelas vão tremer. Vai ser “daora”, meu!  Mal posso esperar. Ansioso, Alfredo anda de um lado para o outro, atravessando as paredes e esfregando as mãos.  Ah, ele ficou muitíssimo animado com aquela movimentação! À medida que o sol se despedia, o relógio fazia tic-tac, tic-tac e a noite se aproximava, o nosso temido fantasma se preparava.  Trovões e relâmpagos abrilhantavam o show. Nada daria errado. — Será que eu uso branco ou preto? Nossa, como sou indeciso! É melhor eu usar preto, pois o branco está fora de moda e quem usa branco é o Gasparzinho, o fantasminha camarada. Eu não quero parecer com ele.

Ao cair da noite, pelas mãos da tempestade, as luzes se apagaram e Alfredo começou o seu espetáculo. As velhas portas rangiam como se sentissem dores, as cortinas sacudiam e cada membro da família se arrepiava. Estava dando tudo certo. Alfredo estava pronto para sua aparição no quarto de Brenda e assim que ele atravessou a parede...

— Ahhhh !!! — ouviram-se gritos. No clarão dos raios, eles finalmente se viram. Brenda usava uma máscara facial marrom, rolinhos no cabelo e um roupão roxo. Ambos gritaram. Foi susto à primeira vista.

 


A lenda de Barba Negra - Alberto Landi

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