A Vila de Matamata (numerais)
Christianne Vieira
Frederico abriu os olhos assustado. Só ouvia um tic e tac do relógio de
bolso. Ele, baixo de grandes olhos azuis e bigodes grisalhos. A gravata
borboleta vermelha e a cartola destacavam no horizonte, imponentes sua função,
de guardião das terras baixas.
A cada duas batidas, o passado se
afastava e as três tarefas inacabadas se perdiam na janela do tempo. Corria contra si mesmo,
contra o tempo, Senhor inexorável da vida.
Matamata ficava em um vale florido, mas vivia no fervor de um conflito. Quatro
habitantes numa escavação encontraram cinco minas de pedras preciosas, desde então
a população antes pacata, se enchera de ambição e cobiça .
Ele tinha que correr até a aldeia vizinha e consultar Dee, o mago. Sábio
conhecedor da cultura do Livro dos Anciãos, o único capaz de restaurar a paz. Frederico
chegou afobado, derrubou a mesa de carvalho onde seis oferendas estavam
dispostas em jarros aos Deuses. Dee virou-se e sete labaredas incandesceram o
olhar . No entanto, após oito intermináveis segundos sua calma e serenidade
foram restauradas. Já intuíra a razão da visita, olhando ao longe, como se a
alma não estivesse lá. Levou a chaleira
ao fogo, enquanto nove nuvens de fumaça subiam ao céu, o mago então recitou a
profecia. ….Um antigo feiticeiro há mais de dez séculos invocara as forças do
mal, e a magia colocaria fim as terras baixas. Para desfazer esse feitiço, o guardião
devia buscar Clarice a feiticeira, e juntos formariam a tríplice aliança. Antes
da Lua Azul, as trevas dominariam o mundo. O guardião correu contra si mesmo,
contra o tempo, tinha onze quilômetros até a outra aldeia.
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