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quarta-feira, 5 de junho de 2024

A CORRENTE DO BEM! - Dinah Ribeiro de Amorim





 A CORRENTE DO BEM!

Dinah Ribeiro de Amorim

 

Existem pessoas que deixam marcas em nossa vida. Marcas amargas, de tristezas, humilhações e dor. Felizmente, elas acabam logo e são substituídas por outras que nos trazem alegrias e amor.

Como com todos, momentos difíceis me aconteceram, mas, quando os lembro, analiso quanta coisa boa eu tive.

Nasci perfeita, inteligente e sadia. Em família honesta, honrada e culta.

Frequentei escolas que me enriqueceram, com professores que me orientaram a ser alguém útil na vida.

Consegui trabalho fácil, colocações razoáveis, com bom desempenho.

Cresci sem grande fartura, mas nunca senti grandes ausências.

Tive filhos sadios, normais, com preocupações comuns a toda mãe. Cresceram, casaram, tiveram suas famílias.

Atualmente tenho netos que me agradam muito, e espero alcançar ainda alguns bisnetos.

Posso me considerar uma pessoa feliz! Sou grata a Deus por isso e à algumas almas boas que encontrei pelo caminho.

Pessoas fazem parte da nossa vida e, muitas vezes, esquecemos disso.

Lembro-me da madrinha, tia de mamãe, já idosa, que me auxiliou muitas vezes, em momentos difíceis. Fiquei em sua casa por longo tempo, devido ao trabalho dos meus pais. Não teve filhos e cuidou de mim, em criança, como filha. Fazíamos até sapatilhas de seda, com sola grossa, para bailarmos em casa. Com ela, andei, pela primeira vez, de ônibus elétrico, uma novidade. Íamos todas as tardes, passear no centro da cidade, comprar balas de café, na São Paulo ainda considerada calma. Quando passávamos em frente à Catedral, em construção, dizia-me sorrindo: “Você irá passear com sua filha por aqui, e a Catedral ainda não estará pronta! ” Felizmente, isso não aconteceu. Nossa Catedral ficou bem bonita, mas mal cuidada.

Que saudades sinto agora da madrinha, faleceu cedo. Nem alcançou a minha mocidade. Foi importante na infância dos sobrinhos netos.

Alguns tios e avós, com eles morei meus primeiros anos, já citados em livro, influenciaram muito a minha infância e juventude. As brincadeiras, as conversas, como me vestir, pentear, como falar corretamente, o que é bonito, o que fica feio, enfim, muita aprendizagem familiar em um ambiente divertido, numeroso, amigável. Guardo lindas recordações.

Dessa época, uma pessoa deixou marca de bondade. O filho do dono do empório da rua, Amâncio, um moço aleijado, com pesada corcunda.  Atendia-nos sorrindo e dava balas para todos, junto com o troco.

O tempo passou rápido, mas recordações me vêm sempre… como se fosse hoje. Uma colega da antiga Escola Normal, no interior, e um passeio de ônibus. Entre vários assuntos, vem o local de um futuro trabalho, preocupação minha, no momento. Voltar a São Paulo, prestar concurso como Profa. Especial no Ensino de Deficientes Visuais, no Instituto “Caetano de Campos”. Achei uma boa ideia. Fiz isso, ela não, casou-se.  Prestei, passei, trabalhei uns bons anos e gostei. Acho que foi destino ou algum anjo bom na vida. Nem éramos muito amigas.

Conheci meu marido após uma promessa feita a Santo Antônio. Tinha vinte e seis anos e vontade de casar, após alguns namoros desfeitos. Era muito devota. Em seis meses ficamos noivos, em seis meses, casamos. Pouco tempo para nos conhecermos, não deu certo. Fiquei dezesseis anos casada, mas tive dois filhos muito queridos. Deu vontade de colocar minha imagem do santo de cabeça p’ra baixo, mas achei bobagem, o santo não teve culpa.

Aconteceu o mesmo que acontece com toda mulher que fica sozinha, a necessidade de trabalho. Queria voltar a lecionar. O dinheiro mal dava.

Recebo um telefonema de uma colega da primeira escola que trabalhei, Valdete, acho que nem se lembra mais de mim, se ainda existe. Era mesmo uma alma boa, preocupada com todos. Avisa-me de um concurso novo, para professores municipais, e pergunta se não quero prestar? Soube que eu estava precisando. Claro que fui. Fui e passei. Recomecei!

E graças a essa colega, devo minha situação como professora aposentada, até hoje.

Existem mesmo pessoas, alguns sinais aparecem, que Deus coloca em nosso caminho, quando em dificuldades, que nos livram de problemas mais graves. É importante observar isso, para dar valor à existência e respeitar melhor a vida.

Fazer mesmo uma corrente do Bem para um mundo de Paz!


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