O AMOR DA JUVENTUDE
Henrique
Schnaider
André
conheceu Anita na época do colégio, desde que a viu, ficou apaixonado, amor de
juventude, tudo azul, explosões de sentimentos, o coração não cabe dentro do
corpo, quer sair aos pulos na direção da pessoa amada.
Anita
parecia corresponder aos anseios de André, aos poucos se aproximaram, ambos
tímidos, o rapaz chegou perto, puxou uma conversa envergonhada, ficou corado,
um tomate maduro, não sabia o que falar, sem ser gago, gaguejou muito, as
palavras não saiam direito, não conseguiu expressar o amor que sentia pela
garota, que por sua vez, sentia um frio na barriga, queria ser invisível, sair
correndo dali, pedir socorro a mãe.
Aos
poucos o constrangimento foi superado, o amor na sua inocência, é mais forte do
que qualquer outro sentimento, ambos adoravam se ver, o mundo é lindo, faziam
planos, ficar juntos para sempre, os estudos foram por água abaixo.
As
famílias, sentindo que o futuro dos dois, estava sendo comprometido, tratou de
afastá-los, Anita foi transferida de Colégio e os jovens pressionados pelos
familiares, deixaram o amor para trás. Afinal, cada qual seguiu seu caminho.
André
formou-se Engenheiro, conseguiu um emprego numa multinacional, se deu muito bem
na escala social, mulheres as pencas, sonhavam em tê-lo como marido, mas o
rapaz não esquecera de Anita, não fazia a menor ideia de que sua amada fez na
vida.
Anita fez-se
mulher, bela, um violão, se formou, médica clínica geral, deu-se bem na vida,
ganhava o suficiente para realizar todos os seus sonhos materiais. Ela também
não esquecera aquele amor da juventude, seu coração balançava, quando lembrava
dos beijos fogosos do André, nessa hora a saudade doía, o coração apertava,
dava um nó.
Os
anos passaram, nada como o tempo para acomodar as coisas, André conheceu Paula,
colega de Faculdade, inteligente, boa aparência, se entendiam muito bem,
namoro, noivado, casamento. Casal vinte, tiveram três filhos, crianças lindas, dois
meninos e uma menina, viviam felizes.
Com
Anita não foi diferente, conheceu Rui, também colega de Faculdade, a vida
seguiu o mesmo ritmo, formaram uma bela família, tinham dois filhos, dois
meninos, nada atrapalhava aquela felicidade.
Até
que um dia, sempre tem um dia, André estava no trabalho, sentiu um mal-estar,
resolveu ir ao Hospital, quando entrou no consultório, , seu coração, sentiu o golpe,
era Anita, que linda, uma formosura, ficou parado, uma estátua, Anita
levantou-se, lágrimas escorreram, a emoção rolou solta, não pensaram duas
vezes, se abraçaram, não resistiram, trocaram beijos quentes. De repente cai a
fixa, retrocederam envergonhados, eram casados, aquilo não era certo, amavam
seus parceiros, a família. André não resistiu, pediu, Anita cedeu àquele amor
impossível, encontraram-se mais tarde, volúpia, sexo irresistível, soltou todo
aquele sentimento guardado durante anos.
A
fofoca, o disse que me disse, correu, fogo de gasolina, afetando ambas as
famílias, mas eles não pensavam em traição, só queriam estar próximos, mergulhar
naquele amor. Famílias destruídas, um escândalo, ameaças de divórcio, não havia
solução razoável para aquela tragédia grega.
No fim
não resistiram, aos olhos punitivos da sociedade, dos princípios éticos e
religiosos de família, aquele amor puro que veio da juventude, resistiu ao
tempo, mas sucumbiu diante de tantos interesses em jogo, resolveram não se ver
mais, voltaram para suas famílias, reunir os cacos, tentar consertar o que
estragaram.
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