TRAIÇÃO – CRIME OU PECADO?
Du Carmo
Ontem à noite, assistindo a um telejornal, desses
que gotejam sangue, ouvi uma história interessante.
A protagonista da trama, Isabela,
conhecida como Belinha, moça interiorana com vinte e oito anos de idade,
totalmente ingênua e muito tímida, veio para a capital morar com uma senhora
amiga da família, pois acabara de perder a mãe, ficando só no mundo.
A mudança de vida foi radical.
Aqui ela começa a trabalhar em um escritório de advocacia, conclui seu curso de
Direito e não fez nenhuma amizade.
Muito calada e tristonha, seu
semblante ficou como se de uma boneca de porcelana, bonita, mas sem vida.
Um dos advogados solicitava
sempre os seus serviços. Certo dia, pediu que ficasse um tempo além do horário,
pois precisava digitar uma petição, mas não se acertava com teclados. Solícita,
concordou, avisando dona Amélia que chegaria mais tarde.
Confiante instalou-se na sala do
Dr. Eduardo.
Esperou por ele que estava em outra
sala, falando ao telefone. A sala estava vazia. Belinha não deu maior importância por esse
fato.
Tão logo Dr. Eduardo entrou na
sala, sorrindo disse:
- Belinha, não precisa tratar-me
por doutor, diga somente Edu, como os amigos fazem. Bem, agora vamos ao que
interessa.
Ingenuamente, Belinha
posiciona-se para começar a digitar, quando Edu aproxima dela, e com voz
aveludada lhe diz que está desvairado de mor por ela e quer que ela o conheça
melhor para que possa pedir, à dona Amélia, permissão para namorá-la.
Belinha que sofria com o amor
calado, rompeu em prantos.
Aproveitando a chance de
acarinhá-la, abraçá-a e a beija alucinadamente.
Belinha está a ponto de
desfalecer de emoção.
Ele continua falando, falando,
mas ela não consegue ouvi-lo, pois, o seu coração batia mais alto.
Acalmaram-se, conversaram muito,
e chegaram ao acordo de que no dia seguinte iriam juntos para sua casa e Edu
pediria permissão para namorar Belinha.
Nessa noite, Belinha não conseguiu
dormir. A felicidade e ansiedade para chegar rápido o final do expediente
seguinte, secaram seus olhos, não fechavam. Agradecia a Deus tamanha
felicidade.
Finalmente dezoito horas. Todos
saíram, o escritório ficou vazio. Belinha demorou em fechar seu expediente,
pois esperava Edu, que na sua sala, falava ao telefone. Parecia nervoso.
Explicou que era um cliente novo que iria no dia seguinte visitá-lo.
Tudo correu como combinado.
Dias e meses passaram-se e Edu
mostrava-se o melhor namorado do mundo. Galanteador, romântico, gentil, sempre
com mimos para que ela se enfeitasse para ele, enfim, o namorado que toda moça
sonha.
Sem bater à porta da sala de
Edu, ia abrir a porta, mas ouve a voz de Edu gritando dizendo:
- Você é minha mulher, mãe dos
meus filhos, tem tudo o que quer, então me deixe em paz. Contente-se em eu
dormir com você, todas as noites. Chega. Vou desligar.
Tomada por uma coragem
sobrenatural, Belinha abre a porta e sorrindo diz:
- Querido, vá hoje consolar sua
esposa, eu entendo, amanhã conversaremos. Ela o amo, sente sua falta. Eu sou
compreensiva. Boa noite e até amanhã.
Virou-se e saiu.
Edu estupefato não pronunciou
palavra alguma.
No dia seguinte, Belinha foi ao
setor competente e pediu seu desligamento da empresa, alegando problemas de
saúde na família. Despediu-se somente do Diretor e de seu Chefe.
Em casa, contou a dona Amélia o
ocorrido e disse que esse pecado ou crime, não queria que pesasse em sua
consciência. Edu que pagasse sozinho pela dupla traição.
Vou seguir minha vida com mais
sabedoria.