PINDUCA,
O CÃOZINHO DE DONA ELDA.
Do
Carmo
Dona Elda, minha vizinha, apesar da idade avançada,
oitenta e sete anos, tem uma vitalidade incrível. Mora sozinha com o cãozinho,
Pinduca. É vaidosa, cuida-se com requintes de sua época de juventude, mas com
esmero e delicadeza.
Todas as manhãs, por volta das dez horas,
impecavelmente vestida para uma festa matutina, sai com Pinduca a passear pela pracinha
da pequena cidade em que nasceu e sempre viveu.
Em certa manhã, depara-se estupefata com uma cena
assassina, onde uma menininha chora e implora aos três meninos malévolos, que
devolvam sua bonequinha salva das maldades que habitualmente fazem, pois ela só
tem essa amiguinha, sua mãe é muito pobre e seu pai já partiu.
Rindo satanicamente, não dão atenção às lágrimas caídas
dos olhinhos da pequena. Continuam tentando estraçalhar a boneca.
Pinduca, de um salto olímpico, se solta das mãos
amolecidas de dona Elda e cai exatamente no meio dos perversos meninos, que com
o imprevisto assustam-se largando a boneca, momento exato em que Pinduca, homericamente,
a abocanha e corre a depositá-la junto à pequena que a abraça com ternura.
Em rapidez de raio, Pinduca latindo freneticamente,
investe contra os malvados que apavorados fogem em disparada.
Dona Elda, em êxtase, aproxima-se da menina que
ainda soluça, e com carinho de uma doce avó, a abraça afagando carinhosamente a
cabeça de Pinduca:
- Que tal se fôssemos tomar um saboroso sorvete de
coco queimado e nos alegrarmos ouvindo o senhor Chico cantar desafinadamente
Luar do Sertão?
Sorridente, dona Elda pega a mão da pequena, segura
a guia da coleira do Pinduca e conversando alegres acomodam-se numa mesinha. Minutos
depois, as duas novas amigas saboreiam o inigualável sorvete de coco
queimado.
Cabisbaixo os três meninos voltam pelo caminho que
vieram, com grande diferença, pois agora o remorso está estampado em seus
rostos.
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