Invisível protetor
Jany Patricio
Tenho um amigo invisível,
invisível mesmo!
Um amigo que eu nunca vejo e nunca ouço, mas ontem à tarde,
quando eu voltava da escola, vislumbrei um vulto no canteiro de rosas!
Vi os galhos da roseira balançando e corri para pegar o
intruso. Mas, qual não foi a minha surpresa ao deparar com um filhote de tamanduá
encolhido atrás de uma pedra. Quando me viu, deu um pulo e foi se esconder num
buraco. Soltei minha mochila na grama e com cuidado apalpei a terra tentando
encontra-lo. Quando de repente, abriu-se uma cratera. Fui caindo, caindo até
parar sobre uma folhagem.
Observei uma verdejante mata, sons de pássaros e pequenos
animais, e no alto das árvores saguis divertiam-se pulando de galho em galho.
Samambaias, trepadeiras e bromélias se beneficiavam do
ambiente úmido.
Perdido, comecei a caminhar, mas tinha a sensação de estar
sendo observado.
Ouvi um barulho atrás de uma árvore e fui verificar. Lá
encontrei o tamanduá fujão, com outros filhotes e a mamãe tamanduá que estava machucada.
Os filhotes estavam famintos e andavam em torno da mãe.
Fiquei desesperado, sem saber o que fazer, quando lembrei que
estava com o celular no bolso. Liguei
para o meu pai, que estava trabalhando numa clínica veterinária. Tentei lhe
contar a história, mas ele não entendia nada! Porém, quando notou que comecei a
chorar, resolveu ir para nossa casa ver o que estava acontecendo.
Encontrando a cratera, fez o mesmo percurso que eu, porém,
levando equipamentos de sobrevivência na mata e primeiros socorros Lembrou-se,
antes, de avisar minha mãe, que fazia compras no supermercado. Assustada,
voltou para casa imediatamente.
Meu pai notou que o ferimento tinha resíduos de pólvora e
achou por bem levar a mamãe tamanduá o mais rapidamente possível para a clínica.
Contou com a ajuda de minha mãe que tomou conta e alimentou os filhotes.
Durante estes acontecimentos eu sempre pressentia a presença
do meu amigo invisível.
Quando a mamãe tamanduá ficou curada fomos devolver os
animais à floresta.
Chegando ao jardim, deparamos com um ser de cabelos cor de
fogo, os pelos do corpo completamente verdes e os pés voltados para trás.
Arrebatou os tamanduás das nossas mãos e desapareceu junto com a cratera.
Nunca mais vi meu amigo invisível!
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