QUE SUSTÃO!
Dinah Ribeiro de Amorim
Sou ainda bem pequeno, mas já estou na
escola! Quem me leva, todos os dias, é Maria, minha irmã mais velha, que também
estuda, mas à noite. Vai me ensinando o caminho: atravessar a rua sempre na
faixa de segurança, quando o farol estiver verde para a gente. Aí os carros
param e podemos passar. E, quantas ruas andamos, esquinas dobramos, etc...
É sempre a mesma coisa, vai explicando tudo
até a entrada da escola. Estou aprendendo e, logo, logo, irei sozinho.
Maria arrumou um trabalho
de dia e não poderá mais me levar.
Outro dia, aconteceu uma coisa perigosa.
Levamos o maior susto! Quando íamos atravessar na faixa, passou um carro
grande, cheio de gente com capuz preto, numa correria danada! Olhei para Maria
que, com os olhos arregalados, nunca a vi assim, me puxou rápido para a calçada
senão nos atropelavam. Ficamos tremendo de medo, e esperamos um pouco para
atravessar. Quando retomamos a faixa, passou outro carro zunindo, alarmando
todo mundo com sua buzina, parando perto de nós e perguntando que caminho eles
fizeram! Era um carro de polícia, correndo atrás de bandidos, explicou Maria.
Novamente, voltamos para a calçada, enquanto ela respondia que tinham ido para
a direita.
Muito assustados, resolvemos voltar! Não fui
pra escola nesse dia. O lugar andava muito perigoso! Podia escapar alguma bala
e nos atingir, disse Maria, melhor ficar em casa hoje. É mais seguro!
Quando contamos para mamãe, achou que fizemos
muito bem. Nossa cidade anda violenta
demais e a escola é próxima de casa, mas muito central, cheia de movimento:
carros, gente, comércio, melhor seria eu freqüentar uma outra mais afastada, em
lugar mais calmo. Que não precisasse cruzar tantas ruas nem dobrar tantas
esquinas. Talvez passasse a ir de perua – disse mamãe.
Fiquei
meio triste, gosto muito de onde estudo! Tenho muitos amiguinhos, mas, se a
outra for melhor para mim, tudo bem, tento me acostumar!
Você logo se habitua, disse Maria, andar de perua
é divertido! A gente conhece novos lugares, faz muitas brincadeiras e,
amizades, com quase todos os alunos.
Não é que aconteceu isso mesmo! Achei muito
legal ir de perua para a escola e, na volta, fazemos uma algazarra danada!
Maria tinha razão. Quem não gostou muito foi papai, que precisou pagar um pouco
mais caro.
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