A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

AINDA HÁ TEMPO PARA AMAR - CONTO COLETIVO 2011

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

BIBLIOTECA - LIVROS EM PDF

quarta-feira, 16 de abril de 2025

CRIANÇAS VIVEM UMA NOVA AVENTURA! - Dinah Ribeiro de Amorim

 

 



CRIANÇAS VIVEM UMA NOVA AVENTURA!

Dinah Ribeiro de Amorim

 

A Rua Vitorino era conhecida pelo grande número de crianças que lá viviam. Várias casas residenciais, famílias numerosas, a animavam e movimentavam os dias.

As brincadeiras atraíam as crianças, que passavam o dia nas calçadas, quase sem entrar em casa

Muito levadas, metiam-se em várias aventuras, causando algumas preocupações aos pais, mas, geralmente, eram sossegados, quando as viam sempre juntos. A única advertência e proibição era para não fugirem ao parque deserto, na rua detrás, perigoso e desconhecido.

Muito cheio de mato, árvores copadas, vazio ainda de construções, poderia ter algum bicho estranho ou andante desocupado e desconhecido, perigoso, principalmente para crianças. Às vezes, alguns barulhos aconteciam nas noites, sem saberem ao certo se eram de gente ou bicho.

Melhor não chegarem nem perto.

Fora isso, as crianças brincavam e se divertiam com muita graça e aventuras.

Marcinha, a mais nova, de nove anos, apenas, era a mais novidadeira. Vivia sorrindo, fazendo imitações e gracejos, balançando o corpo e movendo o rosto salpicado de sardas até no nariz. Quando corria, suas tranças ruivas, feitas pela mãe, com esmero, toda manhã, se desfaziam, desmanchadas pelo vento, ao final do dia.

Numa tarde, a criançada inventou de brincar de esconder e Marcinha, muito curiosa, achando-se a mais esperta, cismou de se esconder no parque. Sabia que não seria achada, todos tinham medo de ir até lá. Sentia-se a mais corajosa.

Vai se embrenhando naquele mato proibido e procura uma árvore de tronco grosso para se esconder.

De repente, para assustada, percebe o corpo de um homem deitado no chão, escondido atrás da árvore. Não sabe se dorme ou caiu e, como não se mexe, procura chegar mais perto.

Avista um sangue escuro que lhe escorre do pescoço e, paralisada, dá um grito forte de socorro.

As outras crianças, ao ouvirem, também correm para lá e avistam esse homem que aparenta estar morto.

Paulinho, o mais velho, corre a chamar o pai e avisa-os para não chegarem muito perto do homem. Não sabem o que aconteceu.

A polícia é chamada, peritos isolam a área e levam o homem, já velho, ao hospital. Tentam estancar o sangue do pescoço, que jorra de uma veia.

Ele é colocado numa maca e recebe os tratamentos de praxe, enquanto as crianças são interrogadas, Marcinha, principalmente, sobre o ocorrido.

Mal sabem falar direito o que viram e o susto paralisa até os seus movimentos. Todos quietos, sentados na calçada, assustados e pensativos, imaginam as piores coisas. Em suas mentes entram agora as histórias tristes que leram nos livros ou assistiram nos filmes de aventuras, com monstros, bandidos e fantasmas.

Os pais, preocupados, querem repreendê-los, mas, se não tivessem visto o que viram, como o velho teria sido achado? Ficaram em posição difícil e com dó das crianças pela brincadeira ter acabado mal.

À noite, todas as crianças dormiram no quarto dos pais. Estavam sonolentas, mas amedrontadas, nunca haviam visto, na realidade, uma pessoa morta ou caída, com algum ferimento.

Na manhã seguinte, vários policiais percorrem o parque, estudando seus esconderijos e possíveis cavernas. Nada encontraram, a não ser alguns filhotes de lobos, escondidos atrás do bosque. Com certeza, os pais saíram à caça.

Levaram-nos ao zoológico e avisaram os pais que o homem apresentou, no hospital, sinais de mordidas de lobo, principalmente no pescoço, mas não chegou a morrer. Estavam tentando recuperá-lo.

As crianças, quando souberam disso, ficaram menos temerosas, aliviadas por não haver um crime, mas cientes de que os pais têm sempre razão. O parque tinha lobos e o atacado poderia ter sido um deles. Marcinha não sabe se fez um bem ou um mal, mas na dúvida, ninguém mais brincou na rua Vitorino, por um bom tempo.

O parque logo desapareceu, com construções novas e jardins, e o homem, que quase morreu, aparece, ocasionalmente, para agradecer.

Todos o tratam bem, só Marcinha, que ainda foge quando o avista.

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

OLHOS D'ÁGUA - CONCEIÇÃO EVARISTO - POR PEDRO HENRIQUE PEREIRA

  Imagem criada por IA CONHEÇA UM POUCO DESSA GRANDE MULHER: VIDA E OBRA Livro OLHOS D'ÁGUA - em PDF