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quarta-feira, 16 de abril de 2025

A abelhinha Izzy - Hirtis Lazarin

 

                                                    



                                                                 

A abelhinha Izzy

Hirtis Lazarin

 

Era uma vez, numa floresta encantadora, um urso que morava numa toca acolhedora de uma árvore bem antiga.

Acordou animado numa manhã ensolarada. Sentiu um cheirinho apetitoso de frutas e flores respingadas de orvalho.  Espreguiçou-se demoradamente e contou até vinte.

 

Caminhou por todos os cantos.  Viu passarinhos em bando, coelhos saltitantes cheios de alegria, borboletas de todas as cores e até ajudou uma tartaruga que tentava chegar, mas não chegava. 

 

De repente, o seu nariz grande e aguçado sente um cheiro que foi ficando cada vez mais doce, mais doce… Uma doçura deliciosa. Sua boca não consegue guardar tanta saliva.

 

Vira pra cá, vira pra lá. Procura por todos os lados e descobre a coisa que ele mais ama.  Descobre uma colmeia cheinha de favos de mel pendurada num galho verdinho de folhas.

 

Suas patas enormes e peludas, num gesto faminto e destrambelhado, atingem a colmeia e matam, acidentalmente, todos os filhotes de abelhas. Um desastre horrível.

Foge desesperado, ao saber que seria atacado pelas abelhas-operárias. Já tinha experimentado a dor da ferroada.

 

A única sobrevivente foi a abelhinha Izzy.

 

 

Atordoada e sem saber o que estava acontecendo, busca ajuda da Abelha Rainha.

 

— Abelha Rainha, o que aconteceu? Minhas irmãzinhas estão dormindo?

 Não, meu amor. Elas se foram…

— É igual ao sol? Ele vai embora todos os dias e de manhãzinha ele volta.

— Elas não voltam nunca mais. Todos nós, um dia, vamos morrer. A gente nasce, cresce e depois morre. A gente vai e não volta.

— E pra onde a gente vai?

— Essa pergunta é difícil de responder. Muitos dizem que vamos para o céu. Um lugar cheio de amor e paz. Vamos então pensar que vamos para o céu.

 Estou muito triste porque não as verei nunca mais.

— Eu também estou muito triste. Todos nós ficamos tristes quando perdemos alguém. Isso é natural.

— Posso então chorar?

 

— Claro, minha querida. Todos choram quando alguém vai embora e não volta nunca mais.

— O que faço se eu sentir muita saudade?

— Quando sentir saudade, ficar triste, sentir falta das abelhinhas, você conversa comigo. Conta tudo que está sentindo. Não tenha vergonha, pois sou sua melhor amiga.

— Obrigada, Abelha Rainha.

 

Izzy sentiu-se protegida pela Abelha Rainha e foi dormir.

 

                                                         (Clarice Lispector)

“Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em 

segredo até que a morte venha e alguém.

adivinhando, diga:

Esta, esta viveu”.

 

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