MÃE
DINAH
Henrique Schnaider
Lucia, nome de guerra Mãe Dinah, era especialista na
arte das cartas enigmáticas usadas para encher os olhos dos incautos, o Tarô.
No qual Lucia era useira e vezeira ao enganar as pessoas, jogando um futuro
maravilhoso no coração dos iludidos.
Sua fama foi longe, alcançando até os crédulos no
exterior. Ela lia cartas e enganava também ao decifrar as linhas das mãos dos
trouxas. Usava uma técnica de ser uma parede que rebate a bola. E assim levava
os otários, sem perceber a soltar aquilo que eles queriam ouvir.
Ela começou na arte de ludibriar bem cedo quem a procurasse,
aprendendo com a avó cigana, uma vigarista profissional que limpava os bolsos
dos desesperados para pôr um pingo de esperança em suas vidas, que naquele
momento, estavam procurando um alento de um futuro melhor. Desta maneira as
pessoas deixavam os tubos na consulta. Muitas vezes um dinheiro que nem sequer
possuíam.
Lucia em pouco tempo aprendeu tudo da arte da
malandragem e se tornou uma raposa dentro do galinheiro. Logo colocou sua avó
no bolso ao ponto de a velha senhora resolver se aposentar e deixar o negócio
lucrativo nas mãos da neta.
Assim Lucia saiu da miséria aos 25 anos e se tornou
uma profissional PHD no uso do tarô, uma narrativa por acaso. Já era procurada
por pessoas tanto pobres como ricas e para cada uma tinha o preço certo. Fama
feita ao ponto de ser muito respeitada por todos que ouviam suas balelas.
Esta centelha da sorte que pousou nos ombros de
Lucia, foi muito bem aproveitada no personagem assumido de Mãe Dinah.
Especializou-se nas artes divinatórias como o jogo de búzios. Dizia aos que
acreditavam nela, que recebia o espírito da mãe Dinah. Ela vinha do além
incorporada na Lucia para fazer as consultas.
Nem uma vírgula do que falava, cobrando uma grana
preta, era verdade. Ela tinha a qualidade de se fazer acreditar. Era um ser
iluminado que estava ali, naquela sala mal iluminada apenas para criar um clima.
Praticando o bem e Mãe Dinah só cobrava a consulta, para a Lucia que recebia
seu espírito e precisava sobreviver.
Desta maneira todos que procuravam Lucia, achavam
que estavam diante de duas pessoas, a Lucia e o espírito recebido de Mãe Dinah.
A vida ia rolando solta e a sacripanta enchendo as
burras de dinheiro. Até que um dia ela conheceu o malandro dos malandros. O
safado do José que a encheu de amor e carinho. A pobre da Lucia se entregou de
corpo e alma ao Don Juan de araque, cheia de paixão
José ganhou tanto a confiança da Lucia, que ela lhe
deu os cartões de banco com senha e tudo. Um dia o José se escafedeu, sumiu no
mundo, sem lhe dar a mínima satisfação. E a Lucia que embrulhava a todos, caiu
na real, se deu conta de que o malandro levou tudo o que ela tinha.
Pobre, Mãe Dinah, que previa um futuro brilhante a
todos que a procuravam, não foi capaz de prever o seu próprio futuro, levou um
tombo muito grande e agora seu futuro incerto iria demorar muito tempo para se
recuperar e voltar à vida cheia de dinheiro e de tudo do bom e do melhor.
Muito interessante a descrição de como funciona, creio, a maioria das videntes. O triste fim, para quem iludiu tantas gentes. Parabéns Henrique
ResponderExcluirMuito boa a história, bem fluente e convincente. A utilização de expressões populares em todo o texto contribuiu muito para torná-lo agradável à leitura, pela linguagem familiar que proporcionou. Gostei, muito bom.
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