Caramelos
Havia
Uma
Verdadeira
Adoração
Helio Salema
Saí da pizzaria, caminhava para tomar o metrô. Meu desejo
era ir para casa, ouvir música e dormir. Mas surgiram na minha frente duas
amigas. Foi um ótimo encontro.
Só não imaginava a mudança que iria ocorrer.
Ficamos contentes, pois há muito tempo não nos víamos.
Lembramos que a última vez foi numa festa organizada por uma delas, a Sara. Que
fez questão de ressaltar a minha participação naquele evento.
Realmente, colaborei com sugestões, ajudei nas compras e
na arrumação, que ela insistia chamar de decoração. Rimos bastante, foi quando
Luciana, aproveitando a brecha, disse que elas estavam indo para o aniversário
de uma colega de trabalho, que morava no quarteirão seguinte. Com aquela
postura de mandona, que possuía, ordenou:
— Vamos!
Usei todo o meu talento e argumentos.
— Claro que não! Não conheço a dita cuja. Não fui
convidado. Não tenho vocação para penetra. Ainda mais, não tenho presente para
a aniversariante. Acabei de saborear e me empanturrar de pizza. Trabalhei que
nem um burro velho, transportando carga pesada.
Inclinei-me em direção a Sara para dar os beijinhos de
despedida. Luciana me agarrou pelo braço e ordenou:
— Vamos! Não é hora de despedida.
Assim, com apoio da Sara, ambas me puxando pelos braços,
fui sendo, literalmente, arrastado.
Na entrada do prédio, o porteiro que conversava com
outras senhoras, arregalou os olhos. Perguntou se precisava de ajuda. Imaginei
que a minha cara era de alguém passando mal. Elas que, certamente, eram frequentadoras
do prédio, ele as conhecia de longa data. Se apressaram em dizer que não tinha
necessidade.
Por um instante pensei em fingir que estava passando mal
e assim escapar. Certamente, não daria certo. Perderia de 2 x 1.
Aceitei a derrota. Fomos para outro jogo. Num campo que
não conhecia e em desvantagem numérica.
Ao chegarmos fomos recebidos com muita alegria pela
aniversariante, Marisa. Também pela meia dúzia de mulheres que ali estavam.
Antecipei para me desculpar e explicar por não ter levado
presente. A aniversariante, muito simpática, disse que a nossa presença era o
melhor presente. Que eu era muito importante para que não parecesse o Clube das
Luluzinhas.
Luciana explicou que Marisa tinha prazer em receber
pessoas. Ela é que nos presenteava com seus maravilhosos doces. Fizeram questão
de me levar até o recanto das formigas. Meus olhos fitavam e minha boca transbordava
de saliva “Meus preferidos caramelos havia, percebi assim que os vi sobre a
mesa. Uma verdadeira adoração. ”
À medida que os saboreava fazia sinceros elogios. Pela
expressão da aniversariante fiquei tranquilo. Vi que ela demonstrava satisfação
pelo meu presente.
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