O HOMEM NA ESSÊNCIA DE ANIMAL
Henrique
Schnaider
PREMISSA:
E se um personagem habitasse solitariamente uma ilha
inventada?
LOGLINE:
Um homem, vítima de um naufrágio quando garoto, se
tornou primitivo por viver solitariamente numa ilha, tendo que disputar
alimentos com animais ferozes, até que precisou ser violento como eles para se
impor diante dos bichos e ser respeitado.
Edwin participava do jantar de gala, no salão
principal do navio, acompanhado por seus pais. Todos vestidos para uma noite especial.
O menino tinha apenas 12 anos e olhava encantado para tudo ao seu redor, como
se estivesse num mundo de realismo fantástico.
O salão era deslumbrante e magico, era demais para
os seus olhinhos infantis. Estava admirado e boquiaberto, diante da figura do
Capitão do navio, vestido numa farda que impressionava. Enfeitada com
ornamentos dourados. Como se fosse um Almirante de Esquadra.
Sentado à mesa principal, decorada com uma Mise en Place, digna dos monarcas
franceses, o Capitão era só gentilezas com todos os passageiros. A mesa dos
pais de Edwin e de todos convidados estavam muito bem arrumadas.
A comida que foi servida, deixou o menino de olhos
escancarados. Nunca havia experimentado pratos tão saborosas. Edwin foi dormir admirado de tantas experiências novas que
vivenciou.
Na madrugada o silêncio dominava todo o navio. De
repente um tranco enorme balançou a embarcação, de popa a proa. Havia batido em
um enorme rochedo submerso.
O pânico tomou conta de todos os passageiros. O
estrago tinha sido grande e o navio submergia rapidamente. As pessoas corriam
desorientadas. Edwin, infelizmente, perdeu-se de seus pais. E, dos sonhos
dourados e passou a um pesadelo horrível. Com muita sorte, agarrou-se em uma boia
e foi levado pelas ondas.
Adormeceu de cansaço e pavor. Acordou com ondas
suaves da maré baixa na praia, naquilo que imaginou ser uma ilha. Estava
sozinho e abandonado em um lugar que para ele, pareceu no fim do mundo.
Uma nova e dura vida teve início para Edwin. Seu
estômago roncava de fome e por instinto de sobrevivência, saiu em busca de algo
para comer. Achou umas frutas silvestres e saboreou-as com sofreguidão.
Procurou algum lugar para se abrigar e dormir. E
assim os dias foram passando e o menino tentando sobreviver e se adaptar à vida
selvagem. Meses depois, anos mais tarde, Edwin já se tornou um rapaz forte e
curtido pelo sol da ilha. Aprendeu a pescar, caçar e, milagrosamente,
sobreviveu.
Perdeu todas as características, tanto de educação
como valores aprendidos em na sociedade. Tornou-se um ser primitivo, cujo único
objetivo era a sobrevivência. Disputava com os animais a comida e o poder do
mais forte e astuto.
Brigava com os ursos na disputa pelo mel produzido
nas colmeias. Passou a ser temido, tornou-se o todo poderoso. Todos naquela
ilha do fim do mundo o temiam. Aprendeu a fazer fogo. Fabricou armas com as
quais caçava.
Domesticou alguns animais, como ursos e macacos que
se afeiçoaram a ele e o acompanhavam em todas caçadas e caminhadas pela ilha.
Dormiam juntos no abrigo que Edwin construiu. Assim acontecia uma espécie de
acordo mútuo de proteção.
Já adulto depois de tantos anos passados nesta vida
primitiva, quando um navio surgiu no horizonte e se aproximou, pois, os marujos
tinham avistado fogo e fumaça e sabiam que a ilha era desabitada.
Lançaram um bote ao mar e se aproximaram da praia.
Avistaram Edwin, acenaram e chegaram próximos a ele. Viram a dificuldade que
tinha de falar e se relacionar, pois parecia que emitia sons como de animais.
Finalmente o convenceram e o levaram embora da ilha.
Aquele ser primitivo, abandonou seus amigos animais, pois havia conhecido
pessoas iguais a ele. Teria que aprender de novo a viver em sociedade. A falar
direito e ser um homem com educação, princípios e valores.
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