O CAVALEIRO PEGASUS
Alberto Landi
A face de Helen estava diferente, assustada
e visivelmente transtornada. A professora Liliane preveniu-a sobre histórias
assustadoras de castelos e masmorras, a respeito do que falavam os antigos
moradores da aldeia de Gerês. Situada próxima da cidade de Braga em Portugal.
Diziam os antigos, que esse castelo
erguido sobre uma rocha, era a porta de entrada para o mundo extraterreno. Habitado
por criaturas monstruosas.
Helen ignorou as advertências da
professora. Mesmo sabendo os perigos que corria, entrou no castelo, curiosa por
descobrir se aquelas histórias eram verdadeiras, ou se eram meras lendas
populares.
Ali na sua frente estava aquela
criatura alta, de nariz pontiagudo, orelhas pontudas e roupas cavaleiro da
idade média. Segurando em uma das mãos um elmo e na outra uma espada. Parado
diante de Helena, ele era a prova definitiva de que o castelo, e tudo que
diziam, era real. Estava ali, diante de seus olhos assustados.
O estranho cavaleiro permaneceu imóvel
por alguns segundos. Moveu a cabeça para a esquerda e depois para a direita, parecendo
observar a reação de Helen, diante do inusitado encontro. Ela permaneceu
petrificada. Silêncio total, o seu espanto era enorme.
O que pareceu ser um duende. Dessas histórias
de contos de fadas, começou a acenar para ela. Dedos magros, unhas grandes,
chamando-a para acompanhá-lo.
Helen pensou em sair correndo o quanto
antes do castelo, porém sua curiosidade era grande. O duende acenava com as
mãos. Era um convite muito estranho, era uma situação assustadora.
A criatura, vendo que a Helen
permanecia estática, a chamou pelo nome, proferindo com uma voz rouca, que
ecoou no interior do castelo.
— Não tenha medo, disse. Venha comigo, minha menina, e repetiu, não
tenha medo.
Eu sou Pegasus, fui um nobre guerreiro
espanhol. Fui cavaleiro do rei. Mas com o tempo minhas divergências com ele
tornaram-se muito tensas. Até que fui desterrado e encarcerado nesse castelo. Os
outros cavaleiros que me acompanhavam, naquele tempo e eram fiéis a mim, foram
também exilados para outras terras.
Nos refugiamos nas montanhas. Arregimentamos
um pequeno exército e lutamos por quem nos pagasse mais. Numa dessas batalhas,
fomos capturados pelas forças do rei, e assim vim para cá exilado.
Helen estava perplexa, ouvindo a história.
Ficou admirada com aquela criatura estar falando com ela. Era tudo surreal. O
espanto foi dando lugar para admiração e curiosidade.
— Venha conhecer um mundo cheio de
seres fantásticos. Tudo tem magia, dizia Pegasus. Afinal creio que este é seu
desejo. Ela encantada, disse:
— Puxa, você é mesmo real, hein! Como
sabe o meu nome e meus desejos? Disse Helen.
— Não tenha medo, você será a primeira
pessoa a conhecer nossos segredos. Helen deu um passo em direção ao duende. E
seguiu–o, lentamente. A criatura ficou sempre na frente, e o caminho se
tornando cada vez mais estreito e sombrio. Helen assustada, disse:
— Não vejo nada...acho que vou voltar.
No mesmo instante, em um estalo de
dedos. Surgiu nas mãos de Pegasus uma tocha. A chama iluminou seu rosto, que
estava com um sorriso sarcástico. Helen hipnotizada o seguia apavorada.
Isso aconteceu durante um outono, em
um dia bem frio, quando ela sumiu da aldeia de Gerês. Por meses todos a
procuraram. Em todos os locais e até mesmo, nesse castelo mal-assombrado, porém
sem sucesso.
Passaram-se alguns anos desde que
Helen encontrou-se com Pegasus. A história do desaparecimento dela, foi mais
uma das histórias já contadas a respeito desse castelo e de seus fantasmas.
Durante algum tempo, moradores da
aldeia relataram ter visto uma menina com as mesmas características de Helen.
Diziam que ela estava no topo de um dos torreões do castelo. Havia acenado como
se pedisse socorro e depois desapareceu rapidamente.
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