A
MACIEIRA e A MENINA
Alberto Landi
Havia uma macieira num bosque, que amava muito uma
menina.
Diariamente Maria Clara, a visitava, juntava suas folhas e com elas fazia ornamentos, imaginando ser a rainha daquele bosque.
Subia no seu tronco, balançava-se nos seus ramos, comia as suas deliciosas maçãs. Brincava com outras crianças e quando ficava cansada, dormia à sua sombra.
A menina adorava aquela macieira, como ninguém. E a árvore era muito feliz. O tempo foi passando, Maria Clara cresceu. E a árvore foi ficando solitária, sem as visitas frequentes dela.
Um certo dia, a menina veio visitá-la.
— Minha menina, quantas saudades! Vamos, suba em meu tronco, balance nos meus fortes ramos, coma quantas maçãs queira, brinque na minha sombra como você sempre fez.
— Agora já sou crescida, disse Maria Clara, para brincar. Quero comprar coisas e me divertir. Você poderia me dar algum dinheiro?
— Minha Linda menina, disse a árvore, não tenho nenhum tostão, somente folhas e maçãs. Leve-as para casa, e venda no mercado ou em algum centro comercial, e assim, obterá dinheiro e ficará feliz.
E assim Maria Clara procedeu. Subiu no tronco, colheu todas as maçãs possíveis, colocou-as num cesto e as levou consigo. A árvore balançou seus ramos num sinal de felicidade.
A menina sumiu por um bom tempo, e a árvore ficou triste, novamente.
Decorridos alguns anos, a menina apareceu no bosque, para visitar a sua amiga.
— Suba No meu tronco, balança nos meus ramos disse-lhe a macieira, colha todas as maçãs que quiser.
— Estou ocupada agora, respondeu Maria Clara. Eu quero uma casa para viver, um marido e filhos. Você pode me dar uma casa?
— Eu Não tenho casa, disse a árvore. O bosque é meu abrigo, mas corta os meus ramos e construa sua casa, assim ficará feliz.
E assim foi feito, e a árvore ficou mais uma vez mais feliz.
Passado já algum tempo, ela voltou.
— Desculpe-me, disse a árvore, nada mais tenho que eu possa te oferecer. As maçãs já se foram.
Maria Clara disse para a macieira:
— Não se preocupe, os meus dentes já estão fracos demais para degustar as suas deliciosas maçãs.
— Também já não tenho ramos, lamentou a árvore.
— Eu não tenho mais idade para me balançar em seus lindos ramos, respondeu Maria Clara.
— Não tenho tronco forte e espesso para você subir, informou a árvore.
— Eu ando muito cansada de uns tempos para cá, disse Maria Clara.
A árvore suspirou e retrucou:
— Agora sou apenas um velho toco, não sirvo para mais nada.
Maria Clara retrucou:
— Já não preciso de muita coisa, apenas um lugar sossegado para descansar. Um velho toco ainda é bom para sentar-se e descansar.
— Ah, então, anda, minha menina, senta aqui para descansar junto a mim.
E assim, a árvore e a menina, pela última uma vez, ficaram
felizes!
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