A dona de
casa e a vassoura
Ana Catarina Sant’Anna Maués
Certa vez
notei um diálogo bem interessante entre uma dona de casa e sua vassoura. A
mulher reclamava da rebeldia da ajudante, que após a total limpeza, no
capricho, deixando a casa sem fio ou fiapo de coisa alguma no piso, recusava-se
a ficar de pé, em prontidão para o próximo dia. Já contavam três vezes que a
tinha recolhido do chão.
— Oh! Vassoura teimosa, dizia a velha senhora. Fica
aí de pé, atrás da porta, por favor. O que quere caindo assim no chão? Está
bagunçando minha cozinha!
E de novo
juntava e apoiava a companheira de labuta, que novamente se fazia cair no chão,
como que a deleitar-se no assoalho brilhante, com cheiro bom. E a dona da casa,
já ficando brava disse:
— Vamos, vamos,
fique quieta e me deixe logo ir deitar-me um pouquinho a esticar as pernas.
Então a
vassoura respondeu:
— Ora ora, pois sim, hum! Eu trabalhei até mais que
você, pois entrei de baixo dos móveis, futuquei os cantinhos das paredes, corri
no rodapé, vasculhei o teto, matei uma barata e duas aranhas, quase que me
afogo no balde d’água com aquele pano a sufocar-me. Eu também tenho o direito
de esticar minhas cerdas.
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