Ilusão de óptica que mudou minha vida
Alberto
Landi
Era
um final de tarde, ainda havia um resto do pôr-do-sol.
Estava
no terraço de meu apartamento olhando para uma janela um pouco distante da
minha, e havia uma mulher que parecia estar dividida ao meio por uma vidraça.
Meus
olhos não se enganam, não é ilusão de ótica ou vidro defeituoso.
Na
primeira metade superior é uma mulher de cabelos super curtos, pretos, nariz
afilado, olhos claros, pequenos e redondos e todo o seu rosto se afinava em
direção à ponta do queixo. O seu olha, daqueles que parecem observar de tudo.
Na
minha visão, a janela é relevante nesta história!
Ela
é esverdeada escura, multicolorida, sabe, aquelas em que as mãos e o pano de
uma faxineira deixam marcas, desenhos e contornos, faz até um arco-íris no
vidro?
Não
tem divisão, é uma peça única.
Ela
está lá, em pé, me olhando. Difícil imaginar que há uma pessoa dividida ao meio
pelo vidro.
Sua
segunda metade se mostra forte, vigorosa e ardente.
A
dupla metade que faz um inteiro.
Continua
me fitando, seu olhar penetrante vem em minha direção através do vidro que
recebe os últimos raios solares, fazendo um bom reflexo. Nossos olhares se encontram
como se fosse uma representação estática de uma película de cinema.
Cortada
ao meio continua naquele lugar. Nem quebrando o vidro, ou estilhaçando não vai
deixar de estar lá, estará ainda, nos mil pedaços, todos divididos ao meio pela
vidraça.
É
impressionante a interpretação do que vemos no mundo exterior.
Já
se descobriram mais de 30 áreas diferentes no cérebro usadas para o
processamento da visão.
Umas
parecem corresponder ao movimento, outras a cor, outras a profundidade.
E o
nosso sistema visual e o nosso cérebro tornam as coisas mais simples do que
aquilo que elas são na realidade.
E é
essa simplificação, que nos permite uma apreensão mais rápida da realidade
exterior, que dá origem às ilusões de óptica.
Enfim,
essa ilusão me aproximou da mulher que hoje é minha esposa, minha vida, mãe dos
meus filhos, meu amor eterno porque nos encontramos no café da esquina e
imediatamente nos reconhecemos e daí nunca mais nos sentimos separados por uma
janela porque estamos juntos na riqueza e na pobreza...
A
dupla metade que faz um inteiro.
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