EM TEMPOS DE PANDEMIA
Alberto
Landi
Era
um pequeno vilarejo ao pé da Serra da Estrela, em Portugal. Rodeado por
grandiosas paisagens, fica junto a uma cadeia montanhosa da Serra da Estrela, a
mais elevada em Portugal Continental.
No
inverno fica coberta de neve e eventualmente no inicio da primavera. As casas,
todas encantadoras, confortáveis e funcionais. A localização do vilarejo é muito
tranquila, e de fácil acesso às principais vias. As casas, na maior parte, em
tons claros alaranjados, alinhavam-se no vale como se respeitassem o monte que
lhes fornecia sombra.
Como
na grande parte dos vilarejos de Portugal, havia uma integração entre os
moradores, eram amigos entre si, e de alguma maneira até certo parentesco.
Alguns diziam que eram descendentes do rei D. Diniz.
Isa
vivia nesse tranquilo vilarejo. Sua casa era conhecida por casa das rosas, não
pela pintura, mas sim pelo jardim florido com vários tipos de rosas. Era um
sombrio casarão de paredes um tanto severas. Tinha um aspecto triste, parecia
mais uma residência eclesiástica. Havia um revestimento quadrado de azulejo
fazendo um painel no lugar heráldico do escudo de armas da família, que nunca
chegara a ser colocado, e representando um grande ramo de rosas e girassóis. Ao
fundo um terraço de tijolo, um pobre quintal, abandonado às ervas bravas, com
um cipreste e um cedro envelhecendo juntos como dois amigos tristes. Um tanque
entulhado e uma estatua de mármore ainda conservada de Vênus.
Isa
compartilhava com os moradores um clima de união e bem-estar. A vida ali era muito saudável. Tudo que comiam vinham das plantações e
criações de animais, como ovelhas, cabras, vacas. A tranquilidade e alegria dos
moradores, parecia que jamais terminariam.
A
primavera alí era muito abundante. Sobre as florestas da Serra da Estrela
navegavam nuvens baixas de algodão com pontas dependuradas, através das quais
em saltos, precipitavam-se as chuvas cálidas com cheiro de terra. Era a época
em que a terra surge debaixo da neve
quase da mesma forma em que foi coberta , há meio ano. As florestas
emanavam umidade e estava toda coberta de folhagem do ano anterior, parecia um
quarto desarrumado. Em algum lugar longínquo o primeiro rouxinol testava as
suas forças, com intervalos mais longos ainda um melro assobiava como se estivesse
soprando em uma flauta entupida.
Isa,
nos seus 23 anos, jovem, solteira, olhos verdes claros e pele morena. Tinha
feições meigas e semblante calmo. Todos a admiravam pela sua simplicidade e
beleza.
Ela
não queria mais amar ninguém, pois seu coração foi ferido varias vezes. Mas
tudo mudou! O mundo entrou na pandemia.
Milhares
de pessoas não se viram mais, isolamento quase total das famílias. Isa tinha
casa, mas não tinha a família junto de si.
Os
dias iam passando e ela reencontrou um amigo de infância. Tudo estava bem entre
eles, mas, um dia ele se declarou. Confessando o quanto a admirava e o quanto
gostaria de estar com ela.
Isa
se emocionou diante da confissão e pensou que sempre em algum lugar existe
alguém que ama em segredo. Ela acreditou que seu amigo estava sendo sincero, e
talvez estava. Mas os dois eram como água e óleo, estavam na mesma fase da
vida, mas não se misturavam. O coração até queria, mas a razão prevaleceu, não
daria certo a mistura.
Uma
amiga de Isa, a convidou para participar de um grupo nas redes sociais, para
conhecer novas pessoas e assim afastar sua tristeza. Prontamente aceitou,
afinal o que fazer em uma quarentena sem a família junto de si, sem trabalho e
sem um amor para gostar.
Começou
a se interessar pela informática, para afastar uma possível depressão por estar
só. A quarentena foi péssima para alguns, mas para ela foi o melhor que podia
acontecer.
Num
dos grupos que participava havia pessoas que se tornaram interessantes. Havia
um rapaz que chamou sua atenção, por terem muitas coisas em comum, era o
Marcos, formado em Ciências econômicas.
Com
as trocas de mensagens escritas e às vezes por áudio, Marcos confessou a ela
que tinha uma voz sensual. Isso fez com que ela se sentisse lisonjeada.
Os
dias se passaram, as conversas aumentaram. Após um período ela resolveu se
afastar, as trocas de mensagens cessaram, e o medo tomou conta dela.
Meses
se passaram e a quarentena continuava. Isa resolveu se reaproximar de Marcos.
Aprendeu que a coragem não é a falta de medo, mas o triunfo sobre ele. A pessoa
corajosa não é aquela que não sente medo, mas a que conquista esse medo. Não
importa quantas vezes você caia, mas o mais importante é levantar-se.
Pensou:
hoje estou renascendo.
Nessa
pandemia estava se reencontrando, percebendo suas fraquezas, mas também seu
lado positivo. As nossas vidas são como um ímã, que atraem ao seu lado, pessoas
certas, no momento certo, e você precisa estar consciente disso e reconhecer.
Uma
coisa ela percebeu. A pandemia estava lhe favorecendo.
Na
semana que antecede o dia dos namorados, Isa resolveu fazer uma surpresa a
Marcos. Para isso consultou o site de compras no seu computador.
Começaram
a descobrir algo muito além de uma amizade. Mostrando mesmo que em tempos de
pandemia, a felicidade pode ser encontrada.....
E
assim Isa, sentiu-se novamente com vontade de viver de forma intensa, ela e
Marcos......
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