CURON
Alberto Landi
Eram muito emocionantes as histórias contadas pelos meus avós,
sobre a terra natal Itália.
Histórias carregadas de muita emoção. Com detalhes curiosos,
principalmente na pequena igreja, tida como símbolo do lugarejo, local onde se
casaram.
A família costumava se reunir após o almoço de domingo. A
casa era aconchegante, espaçosa, com terraço de tijolos batidos, cadeiras de
vime, rede, quadros religiosos e muitos pássaros cantando, enchendo de sons o
ambiente.
No quintal, muitas arvores frutíferas, criação de galinhas,
cabras, ovelhas e, também uma horta com variação de legumes e hortaliças.
A vida ali era muito saudável, todo o alimento vinha das
plantações e do leite das cabras. Minha avó costumava fazer muitos doces em
calda e uns pães caseiros deliciosos.
A tranquilidade e a alegria dos moradores do local, parecia que
jamais terminariam. Até que esse pequeno lugarejo circundado pela imponência
dos Alpes. Fronteira com a Áustria, Suíça e as regiões italianas da Lombardia e
Veneto. Um campanário submerso tornou-se protagonista de um lugar magico que
parece ter saído das páginas de um conto de fadas.
Hoje, esse lago artificial evoca lembranças tristes. A água
invadiu os terrenos, plantações, casas e uma igreja do século 14, a mesma da
qual ainda é possível admirar o campanário no lago de Resia.
A História afirma que durante o inverno ainda é possível
ouvir o badalar dos sinos do fundo do lago, mas o detalhe é que eles foram
removidos do campanário antes da construção da represa.
A pequena igreja, a cargo do padre Michele, lotava aos domingos.
Um dia, na saída da missa, meu avô conheceu Giovana, a minha avó. A cerimônia
do casamento, foi realizada pelo padre Michele e a pequena comunidade compareceu
em massa. Houve uma bela festança com comidas e música.
Meus avós formaram uma família, com 5 filhos, e depois do
desaparecimento do vilarejo, mudaram-se para a região da Toscana.
Nesse novo lugar cuidavam das plantações e colheitas de uvas,
as quais eram colhidas e vendidas para uma cooperativa local, para produção de
vinho.
De vez em quando visitávamos Curon. Sentíamos muita tristeza,
porém o lago continua lá no seu lugar. De vez em quando há a limpeza e a
drenagem. E o que aparece sempre é o campanário. Lembranças emergiram das
nossas mentes.
Essa é a doce recordação que tenho de meus avós e do vilarejo
de Curon!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.