ALTEROSA
E SUA VIDA PECULIAR
Henrique Schnaider
Arnaldo vivia na cidade de Alterosa, sujeito bom,
pacato, vivia uma vida mansa, casado com Laura, se deram muito bem naquela vida
de interior, mas ele tinha um defeito, as vezes metia o nariz onde não era
chamado, acabava arrumando confusão.
Alterosa, cidadezinha porreta, gostosa de se morar,
era uma delícia. A delegacia vivia vazia, já que não havia criminalidade, todos
se conheciam, mas como toda cidade pequena, a fofoca rolava solta, a vida de
todos, fazia parte das línguas soltas das comadres sentadas na praça, de olho em
todos que que se atreviam passar diante delas. Um ninho de cobras.
Toda vez que chegava algum estranho, lá estavam as
fuxiqueiras da praça, loucas para saber de quem se tratava aquele cidadão, quem
poderia ser? De quem era parente? E oque estava fazendo na cidade?
Naquele dia fatídico, chegou no ônibus vindo da
capital, um sujeito muito esquisito, que logo agitou as linguarudas, quem seria
o tal sujeito? E por que veio à cidade?
O visitante se alojou na única pensão da cidade,
provocando a curiosidade geral das pessoas, mas principalmente do Arnaldo, que
não perdia a mania de bisbilhotar a vida dos outros, ficou se ardendo de
vontade de saber de quem se tratava aquele desconhecido, porque veio a cidade?
A coisa foi esquentando, porque o estranho só saia
bem tarde da noite a passear pela cidade, enrolado num capote enorme e com um
chapelão preto, que lhe cobria o rosto. Arnaldo não sossegava o pito, nem
dormia direito, ficava olhando pela janela a passagem daquela figura, o diz-me que diz-me rolava solto,
histórias corriam pela cidade, invencionices, diziam que tinham visto ele
entrar a meia noite no cemitério, que cavalgava num cavalo branco, que uma
mulher o acompanhava.
Certa noite o xereta do Arnaldo, junto com Laura, resolveu
seguir a uma certa distância o sujeito misterioso, que seguiu em direção ao
cemitério da cidade, já era tarde da noite, mas os dois não desistiram,
continuaram a segui-lo, ele entrou no cemitério e o Arnaldo abelhudo, seguiu
atrás, o misterioso ser, parou perto de um túmulo, e, incrível, inacreditável,
apavorante, de dentro saiu uma figura de uma mulher, ali ficaram um de frente
para o outro.
Arnaldo e Laura apavorados, saíram em desabalada
carreira, loucos para chegar em casa, arrependidos de terem seguido o estranho.
Se não fizesse o que fez, Antônio não teria passado
pelo que passou, foi uma experiencia horrível que ninguém gostaria de passar.
Se Antônio não fosse o xereta que era, e ainda por
cima, fazer com que Laura estivesse com ele, acabaram passando os dois, por uma
experiencia horrível e inesquecível.
Quanto ao estranho, do jeito que veio, foi embora
sem falar com ninguém, todos ficaram morrendo de curiosidade de saber quem ele
era.
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