O EXEMPLO NÃO VEM DE CIMA
Henrique
Schnaider
Luiza
era uma mulher folgada ao extremo, só não era mais, por falta de espaço. Vivia
explorando seus pais, estava com quarenta e cinco anos, foi uma péssima aluna,
estudou aos trancos e barrancos, cresceu,
demonstrando falha de carácter, inerente a sua personalidade, não havia
explicações para sua forma de ser, já que seus pais eram trabalhadores,
admirados, pela forma que lutavam na vida, para que nada faltasse em casa.
A
mulher era um quiabo, escorregava demais, sempre tirava o corpo fora jogando
qualquer obrigação para os pais ou ao seu irmão Ramiro, homem trabalhador,
solteiro inveterado, que ainda não alçara voo para ter vida própria, mas pelo
menos não era explorador como a irmã. Luiza vivia mordendo Ramiro, pedia
empréstimos a toda hora, não parava de explorá-lo, ele que era uma pessoa
dócil, fácil de convencer, ajudava a sanguessuga.
Aqueles
dias eram de festa para a família Oliveira, morrera um tio distante, muito
rico, que só tinha o pai de Luiza como sobrinho, não havia mais ninguém para
reclamar aqueles bens, o pai herdou tudo.
A folgada logo convenceu a família,
que apesar de tudo, eram de boa-fé, que iria tomar conta de tudo, já que não
tinham tempo, nem capacidade para administrar aquela dádiva herdada, e o
dinheiro que veio farto.
Os
olhos de Luiza faiscavam só de pensar, dançavam de alegria, na expectativa de
por a mão naquela fortuna, mas faltava para ela, o tino comercial, a verdadeira
esperteza, para administrar todo aquele tesouro, mentia o tempo todo para os
familiares, começou a meter os pés pelas mãos, entrando em negócios
fracassados, o dinheiro começou a ir embora pelo ralo.
Luiza
era espertinha, mas acabou vítima de um oportunista, sempre procurando pessoas
incautas como ela, que era ambiciosa a procura de dinheiro fácil, na sua
ganância, insistia nos maus negócios, era levada facilmente na conversa do Ricardo,
com quem se envolvera, o cara malandro típico, dava golpes às pencas, usando
seu charme e conversinha fácil, a inocente útil, entrava com tudo, torrando o
dinheiro que não era seu, enquanto isso sua família não tinha noção, das
trapalhadas que ela andava fazendo.
Ricardo
sugou ao máximo, quando viu que deste mato não sairia mais coelho, deu no pé,
sumiu, escafedeu, deixando Luiza no prejuízo, a fortuna do velho tio, se fora
toda, deixando a família na mesma situação de quando recebeu a herança.
Luiza
que só tirava vantagem com seus familiares, para mentir e convencer, para mostrar
que tinha feito bons negócios, mas por circunstâncias pouco esclarecidas, tinha
se dado mal, e o pior é que aceitaram de bom grado suas desculpas, perdoando-a,
e por incrível que pareça, continuou a viver as custas deles, voltando aquela
vidinha medíocre de sempre.
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