FINALMENTE
O PARAÍSO
Do Carmo
Em uma das ilhas do arquipélago de Faroé, em paradisíaca praia da vila
Gasadalur, território da Dinamarca, Ricardo, jovem turista apaixonado por
fotografias, passa por uma inusitada experiência jamais imaginada e
principalmente acontecendo em sua solitária e primeira viagem de turismo.
Deslumbrado pela paisagem de exuberante beleza, com variada topografia
de montanhas cobertas de flores coloridas, tal qual um caleidoscópio, abismos
terminando com um mar agressivo de esmeralda, quedas d’água e morosos riachos
cortando campinas, Ricardo fotografava compulsivamente.
De súbito, surpreende-se ao avistar um pequeno casario, composto de
cinco casebres. Aproxima-se e constata que todas estão abandonadas há anos, elas
têm espessa cobertura de areia trazida pelo vento marinho.
Ricardo empolgado fotografa-as de vários ângulos, e ao passar por uma
delas, ouve um grunhido entre animalesco e humano.
Cautelosamente, aproxima-se da choupana e notando a porta apenas
encostada, empurra-a e, oh! Assusta-se com o que vê.
Meu Deus! Será que estou tendo
uma visão diabólica? Que lugar fétido, mal iluminado, como vive essa
criatura!
Em pé, de braços esticados, vê um ser, misto de humano e animal, sujo,
com barba e cabelos enormes, falando em italiano corretamente.
— Eu sou Bruno, de família italiana, morava na Itália com meus pais
quando aos doze anos, voltando da escola, fui sequestrado por três homens
mascarados, que me aplicaram uma injeção e quando dei por mim, estava aqui,
sozinho e abandonado, sem nada, somente com esse colchão. Estou aqui há dez
anos. Diariamente converso com as paredes para não enlouquecer, conto os dias
para saber o tempo que aqui estou. Durante todos esses anos, ninguém apareceu.
Por favor, tenha piedade de mim, ajude-me a voltar para minha família, se é que
ainda a tenho. Poço dar-lhe um abraço?
Ricardo abraçou-o emocionado, sem importar-se pelo estado deplorável em
que se encontrava a pobre criatura.
Alguns tempo depois dessa singular emoção, os dois rapazes partiram na
lancha de Ricardo, sem pensar nos empecilhos que passariam para conseguirem
chegar ao destino almejado, atracou na primeira ilha que encontrou, comprou alimentos
e água, e depois de um bom e tépido mergulho, os amigos sorrindo, sentaram-se
na areia macia e comeram como dois irmãos.
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