POR UM TRIZ
Alberto
Landi
Eu
tinha 9 anos quando isto aconteceu. Morava numa pequena cidade do interior
paulista, Brodósqui.
Naquele
tempo, falar em uma pequena cidade era quase um exagero; somente algumas ruas e
uma praceta. O restante eram campos, plantações de trigo, mato, riachos,
cachoeiras, muitos animais, espalhados por todo lugar, galinhas, patos, gansos,
cavalos, burros.
O
mais importante desta história é que havia um touro que ficava pastando junto
com vacas, ao lado da pequena estrada, a qual eu usava todos os dias para ir à
escola. Por sempre estar atrasado para as aulas, fiz um atalho pelo meio do
pasto. Naquele dia, pulei a cerca e caminhei, bem perto das vacas e de um touro
com aparência feroz.
Vocês
já devem ter ouvido falar que touros não gostam da cor vermelha. Parece mentira
isso, mas nas touradas da Espanha, a capa do toureiro é sempre vermelha, para deixá-lo
bem bravo. Se isto está certo não sei, mas foi bem verdade para mim, porque
estava com agasalho de moletom vermelho naquele dia.
Nem
bem tinha dado uns passos bem próximo dos animais, quando percebi um barulho
esquisito. Parecia um animal raivoso que escavava o chão com as patas e bufava
pelas narinas. Era o touro. Cada vez mais bravo e pronto para correr atrás de
mim a qualquer movimento brusco que eu fizesse.
Saí
correndo. Estava tão apavorado quem nem dava tempo para pedir socorro. Somente
pensava em correr o mais rápido para chegar à porteira antes que o touro me
trucidasse.
Enquanto
corria, tive a impressão de que não ia conseguiria chegarem tempo à porteira. Ele atrás de
mim... E, quanto mais perto ele chegava, mais bravo ficava por causa do moletom
vermelho. Repentinamente tive uma ideia para salvar minha vida.
Enquanto
corria do touro, me lembrei das touradas e muito espertamente joguei meu agasalho
vermelho para bem longe, o que fez com que o touro mudasse de direção, e isto acabou salvando minha vida. “POR UM TRIZ”.
Quando
assisto TV e aparece alguma propaganda com vaca ou boi, preciso me esforçar
para não ficar nervoso.
A
história inteira lá no campo, deve ter durado alguns minutos, que me pareceram
horas e eu jamais esquecerei.
Comigo
boi e vaca, só no churrasco! Nunca
mais!
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