CURON
Henrique Schnaider
Eu tinha 7 anos de idade quando começaram as obras
para criação do lago da cidade. Acompanhava caminhões fazendo centenas de
viagens para fazer o aterro enorme onde iriam criar o lago.
Este tempo ficou marcado para mim, pois as coisas
caminhavam muito bem, eram tempos felizes. Meu pai tinha um sítio próximo da
cidade de Curon onde morávamos numa casa boa, com muito conforto. Meu pai
cuidava para que não faltasse nada, pois uma boa parte do que era consumido, vinha de tudo que cultivava.
A aroma dos doces e pães que minha avó e minha mãe
faziam, enfeitavam de delícias nossa casa. Meu avô se sentava na cadeira de
preguiça e me contava histórias na língua italiana macarrônica. Eu ouvia com toda
atenção e sonhava juntamente com ele participando das aventuras da sua
juventude.
Aos domingos todos os moradores da cidade
participavam da missa rezada pelo Padre Jousepe. No final da missa havia uma
confraternização e cada família trazia comida típica. Macarronada, Polpetone,
brachola, pernil de porco e deliciosas sobremesas e doces variados.
Conforme fui crescendo, passando pela juventude,
devido ao lago, a igreja foi reconstruída em um novo lugar, mas eu não esquecia
da antiga e da sua torre e da missa e das reuniões dominicais, doces momentos
guardados para sempre na lembrança.
Foi na antiga igreja que conheci Lina. Enquanto
nossas famílias conversavam e trocavam guloseimas e fofocas quentinhas, nós
dois brincávamos de corre-corre, pega-pega. Corríamos um do outro num esconde-esconde que mexia com nossos pequenos
corações.
Foi com Lina que me casei, numa cerimônia
inesquecível ainda na antiga igreja antiga e celebrado pelo ancião, Padre
Jousepe. Depois da cerimônia do casamento, a festa ficou na lembrança de todos.
A alegria e a felicidade tomaram conta dos moradores de Curon, presentes
naquele que foi o dia mais feliz da nossa vida.
Eu e Lina formamos uma família dos sonhos, 3 filhos
encantadores, 2 meninos e uma menina. O tempo
se encarregou de fazer a sua parte e meus avós e meus pais partiram, e os da
Lina se foram, da mesma forma.
Passei a cuidar da pequena lavoura que meu pai me
deixou e continuei com os mesmos costumes que meus pais me deixaram, e que eu e
Lina passamos aos nossos filhos.
Estes dias a prefeitura da cidade iniciou pela
primeira vez desde a criação do lago, a drenagem e limpeza do mesmo e à medida
que a água baixou, começou a aparecer a torre da Igreja e da mesma forma vieram
à minha mente as doces lembranças da minha infância e juventude e dos melhores
momentos que vivi na minha querida Curon.
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