O
MISTÉRIO DO LIVRO ESTRANHO!
Dinah Amorim
Jaime,
adolescente estudioso, após ter recebido um livro tão esquisito, de escrita
indecifrável, desconhecida até por sua mãe, conhecedora de muitos enigmas, fica
cismado pelos cantos, querendo desvendar o mistério.
Sua
mente juvenil e curiosa o leva a viajar por várias hipóteses. Seria uma pista
disfarçada para algum lugar diferente. Quem entregou esse livro, justamente a
ele. Revela alguma coisa, com certeza. Não
parece brincadeira.
Poderia
ser também mapa de algum tesouro, um tipo de código a ser descoberto e
decifrado, mas por quem. Para quê. Por que a ele.
Dúvidas
e mais dúvidas que permanecem, ocupando-o totalmente, esquecendo-se de comer e
dormir.
Mundo
estranho esse que nos faz tão diferente, de repente. Alegre, falador, comilão
que era, rapidamente se transforma.
Um
simples livro mandado através do correio e deixado à sua porta o transtorna!
Senta-se
à mesa do escritório de seu pai, repleto de livros, devora-os buscando alguma
semelhança com a escrita recebida. Nada, nenhum desenho ou referência parecida.
Percorre
as folhas e percebe que há intervalos entre algumas formas, maiores ou menores,
semelhantes a palavras.
Vários
pontos em relevo, interligados, horizontalmente, verticalmente, em maior ou
menor quantidade. Formam desenhos diferentes, aparecendo salientes de um lado e
profundos na página oposta.
O menino,
de tão esperto, começa a decifrá-los pela diferença. Alguns iguais, outros não,
parecendo mesmo um tipo de linguagem.
Quando
percebe alguma palavra igual, mesmo sem conhecê-la, assinala com uma caneta de
cor verde. Percebe assim que muitas se repetem. A forma é a mesma.
Como
é muito inteligente, percebeu que deveriam vir de algum tipo de máquina com
tamanho igual para cada caractere. Acha magnífica sua descoberta. Falta saber o
que significam.
Às
vezes um ponto, às vezes dois ou três, numa mesma letra. Mudam as formas, mas
nenhuma letra passa de seis pontos.
Letras
sim, letras formando palavras, que formam frases.
Bastaria
conhecê-las.
Dirige-se
à biblioteca local e procura um livro sobre alfabetos. Quem sabe descobre a
origem dessa língua tão estranha.
Começou
pelos nomes de pessoas brilhantes que inventaram escritas diferentes. É um
trabalho difícil, demorado, pesquisando várias passagens de nossa história. Chega,
de repente, numa interessante: a vida de Louis Braille, um francês, que após
ter ficado cego, compadece-se da situação dos deficientes visuais e cria um
método que fica conhecido como método Braille, em sua homenagem. Dá origem à
escrita que veio facilitar a vida estudantil de muitas crianças cegas. É sentida e aprendida através do tato,
significando cada formação de pontos, uma letra. Um ponto à esquerda seria a
letra a ou número 1, outro ponto colocado logo abaixo do a seria a letra b ou o
1 e 2, e assim surgiu um alfabeto para o cego poder ler e aprender literatura,
matemática, música, tudo enfim, bastando mudanças nas posições dos caracteres,
sempre usando variações entre 6 pontos. Quando o relevo tem todos os pontos
marcados, corresponde ao é (e agudo). Esse método progrediu muito, surgindo as
primeiras máquinas Braille na Alemanha e estados unidos, facilitando pessoas
cegas na sua aprendizagem.
Hoje
em dia, os deficientes visuais fazem faculdades, trabalham como qualquer
pessoa, têm vida normal, estudam e leem, o que é muito importante para qualquer
um! Existem até computadores em Braille.
Louis
Braille morreu há muitos anos, mas sua invenção permaneceu no mundo,
beneficiando pessoas.
Jaime
procurou conhecer a escrita Braille numa instituição para cegos, aprendeu a
lê-la e escrevê-la, tornando-se um ótimo voluntário!
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