ANGÚSTIA,
JAMAIS.
Do
Carmo
Desde muito
criança, talvez no segundo ou terceiro ano primário, tenho um sonho que
acalentei até completar sessenta anos, quando me aposentei e dei asas a essa ideia de tornar-me escritora.
A cada ideia
sugestiva surgida no meu imaginário, repleta de repleta de imagens, vinha
cercada de insegurança ao passá-la para o papel, eu sentia uma angústia imensa,
impotência decorrente da minha situação de vida, pois era uma correria total.
Apenas rabiscava o teor do que seria meu texto e guardava para um futuro
infinito.
O tempo passou,
meus filhos cresceram, formaram-se, casaram-se, e eu acostumei-me com a viuvez.
Fiquei vovó, e depois de dez anos, aposentei-me.
Maravilha,
renasci como SEMHORA, LIVRE, LEVE E SOLTA.
Desse momento em
diante, ninguém mais me impediu de nada. Tornei-me frequentadora assídua de
Bibliotecas, Casas de Cultura, Oficinas Literária, onde descobria um espaço
cultural, lá estava eu.
Sentia-me
realizada, pois a angústia, ansiedade e a impotência, não tinham mais lugar em
minha vida. Escrevia tudo o que surgia na mente e, pouco modesta como sou,
achava todos os textos uma obra de arte. Leda ilusão. Quando nas aulas eu ouvia
a leitura dos textos dos colegas, eu sentia-me uma traça esquecida numa gaveta.
Mas, toda nuvem
negra passa e o sol brilha novamente.
Hoje estou livre
daquela angústia anterior, quando colecionava ideias e nunca as concretizava.
Agora faço meus
textos sem temor ou dúvidas, tranquilamente me submeto às considerações dos professores, as quais acato e tento cumpri-las.
As ideias
continuam surgindo, mas aquela sensação de insegurança de não saber como
expressar-me, desapareceu, uma vez que aprendi a ler o texto em voz alta,
deixá-lo descansar, voltar a ler e se necessário, fazer cortes, rever palavras
repetidas, pontuação, tempo dos verbos, concordâncias, enfim, deixar o mais
perfeito possível.
Feliz e orgulhosa pelo feito, digito com muito
cuidado, encaminho às mestras, minha sempre, para mim, obra prima, e espero os
comentários e correções.
Estou realizada.
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