MUDANÇA DE RUMO
Adelaide Dittmers
O Airbus voava sobre o Pacífico As luzes foram apagadas após o jantar. Alguns passageiros começaram a assistir à filmes ou jogar através das pequenas telas. Outros tentavam adormecer, acomodando-se nas estreitas poltronas,
Subitamente, um grito foi ouvido e vozes ásperas berravam ordens. Luzes foram acesas e as pessoas aturdidas levantaram para entender o que estava acontecendo.
Homens encapuzados empurravam brutalmente uma comissária de bordo e a ameaçavam com uma arma na cabeça.
O pânico tomou conta dos passageiros. Uns se encolheram nos assentos, outros foram sacudidos por soluços, outros mal respiravam pelo terror que os tolhiam, alguns gritaram. Os três homens viraram suas armas para eles e aos berros mandaram ficar quietos, senão iriam atirar. Apenas o ruído de soluços contidos espalhou-se pelo lugar.
Os terroristas arrastaram a pobre moça para a cabine dos pilotos e os dominaram. Pelo microfone, anunciaram o sequestro, desviariam a rota para o Brasil, onde fariam a troca. explodiriam a aeronave se algo saísse do controle.
Uma criança começou a chorar alto e um dos homens apontou a arma para ela. A mãe apavorada, cobriu o filho com seu corpo e implorou para lhe dar tempo de acalmá-lo.
Uma senhora passou mal. O marido apavorado começou a gritar, pedindo ajuda. Um homem levantou-se silenciosamente e, agachado, foi até o casal. Murmurou que era médico e iria reanimá-la.
O pavor era tão grande que as pessoas mal respiravam.
Mensagens foram enviadas para o aeroporto Tom Jobim. Exigiam que entregassem duzentos companheiros presos na Papuda, em troca dos passageiros.
A movimentação no país de destino foi enorme. Uma complexa estratégia foi montada para garantir a vida dos reféns.
Amanhecia quando o avião finalmente, pousou no aeroporto. Agentes do exército, seguranças e policiais, já o aguardava escondidos atrás de ônibus e veículos de socorro espalhados pela pista.
A fila dos duzentos homens estava formada perto do local, em que o avião parou.
O trato foi seguido rigorosamente. Primeiro, os prisioneiros entrariam na aeronave e a seguir os passageiros dela sairiam.
A fila caminhou lentamente e os homens subiram pela escada, que os levava ao avião. Olhos atentos observavam cada movimento da arriscada operação.
De repente, disparos ecoaram do interior da aeronave. Gritos aterrorizados explodiram.
A reação dos agentes foi imediata. Cercaram a aeronave e acessaram velozmente a entrada. Lá, agentes disfarçados, tinham se misturado à fila de prisioneiros e atiraram nos terroristas, que pegos de surpresa, não resistiram ao ataque. Os policiais subjugaram os homens que seriam trocados pelos passageiros.
No interior, depararam-se com pessoas em estado de choque. Os corpos endurecidos e os rostos contraídos pelo horror.
Um oficial anunciou que o perigo tinha passado e todos estavam salvos.
Os aterrorizados passageiros recostaram-se nas
poltronas, tentando expulsar a terrível tensão, que os dominara naquelas longas
horas em que a morte estivera tão próxima.
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