A Casa dos Segredos
Alberto Landi
Para se chegar à casa de Lazinho, era preciso pegar uma estradinha de terra que subia uma leve colina saindo da estrada principal que ligava Brodósqui ao pequeno vilarejo. Até que era interessante o trajeto, pois era bordejada de capim alto, flores vermelhas e amarelas.
Antes de bater à porta, observei a fachada da casa, alegre e colorida, era de um amarelo vibrante com detalhes em azul e verde, criando uma atmosfera acolhedora, as janelas emolduradas com um branco luminoso e muitas flores complementavam a beleza do lugar.
Havia à porta um Buick preto, reluzente, com rodas brilhantes e pneus com faixa branca. Os bancos eram estofados de couro branco, por trás do volante, dava para ver mostradores redondos de vidro com ponteiros, tudo isso um luxo para a época.
Quando finalmente entrei, me deparei com um labirinto pleno de segredos e mistérios.
Ele era o chefe da família, me recepcionou com um sorriso forçado. Parecia que sua expressão mostrava uma história de desafios e perdas enfrentados no decorrer dos anos.
Seus olhos ofuscados por preocupações, uma pessoa inquieta, talvez pelas dificuldades enfrentadas na vida cotidiana.
Ele guardava um segredo que pulsava como um coração oculto, era algo que o acompanhava desde há algum tempo.
Ele escondia uma doença grave, que não queria revelar para a família.
Sua esposa, Janete, estava cansada de viver uma vida que não era dela, e sonhava em fugir para uma liberdade que nunca conhecera.
À noite, quando a casa estava em silêncio, os segredos começaram a se revelar. Ele se levantava da cama e ia até a janela, onde ficava contemplando a noite, como se buscasse uma resposta para as perguntas que não ousava fazer.
Janete se sentava na cozinha e chorava em silêncio.
Como observador, assistia a tudo isso com uma mistura de tristeza e fascínio.
Pensava quantos outros segredos estavam escondidos por trás das portas fechadas e das janelas cerradas? Outras histórias estavam esperando para serem contadas?
Apesar de sua doença, Lazinho ainda mantinha uma aura de autoridade e controle. No entanto, seus olhos revelavam uma tristeza e uma sensação de perda que ele não conseguia esconder.
Janete tinha uma agitação nervosa, revelava uma ansiedade que não conseguia controlar. Comecei a me perguntar o que havia levado ela a se sentir tão presa e infeliz.
À medida que continuava a observar a família, comecei a perceber que cada um deles estava lutando com seus próprios demônios. Um com a doença e outra com a infelicidade.
Como uma família pode parecer tão normal por fora, mas esconde tantos segredos e problemas por dentro?
Estava determinado a descobrir todos eles.
Continuando a observar, percebi que os segredos e os silêncios estavam começando a se desfazer.
Lazinho confessou finalmente o seu problema à família, e juntos, eles começaram a lidar com as consequências.
Ela, por outro lado, encontrou coragem para seguir seus sonhos e começou a construir uma nova vida para si mesma.
A casa que outrora havia sido um labirinto de segredos, agora se tornou um lugar de abertura, honestidade e amor.
Como observador pude ver a transformação da família e entender que às vezes é preciso enfrentar os segredos e silêncios para encontrar a verdadeira felicidade.
E assim, a pequena história chegou ao fim, mas a lição que ela ensinou permanecerá comigo, a verdadeira liberdade e felicidade só podem ser alcançadas quando permitimos ser vulneráveis e honestos uns com os outros.
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