VIZINHANÇA
Henrique
Schnaider
Quando mudei para a minha residência
confortável, onde moro até os dias atuais, olhando os vizinhos, foi como
conhecer uma nova família. Procurei aos poucos ver quem eram e se valia a pena me
relacionar com eles.
À minha esquerda morava a Sonia,
excelente pessoa. Logo passamos a conviver muito bem e toda hora conversávamos
pondo as fofocas em dia. Infelizmente faleceu há alguns anos.
Nessa casa veio morar o Fabio,
rapaz muito legal, temos em comum o Palmeiras. “Como ajuda a nós homens, o
futebol”, que dá motivos para inúmeras conversas. Ele sempre se põe à
disposição e me lembra que se houver necessidade, ele está ali para me ajudar.
Em frente, à esquerda, morou por
muitos anos o Luiz, meu massagista, amigão até hoje. Devido a sua profissão,
sabe da vida de todo mundo e é muito engraçado saber das coisas que acontecem
na vizinhança. Ele é muito bem-informado. Sua esposa Lúcia é um doce de pessoa
e adora minha cachorra Teca. Constantemente saía com ela para passear. Infelizmente,
como a casa era alugada, tiveram que mudar, e agora moram a alguns quarteirões
daqui, mas a gente se comunica por aplicativo. A Lúcia, de vez em quando, ainda
vem passear com a Teca. Agora mudou para essa casa um senhor de nome Rubens com
o qual já fiz amizade, mas não é a mesma coisa.
Tem na casa um senhor que deduzo
seja o pai do Rubens do qual, fico condoído, pois o pobre coitado passa o dia
todo na garagem sentado numa cadeira. Que triste fim de vida.
Em frente à minha casa morava a
Yara, pessoa muito estranha com a qual não convivi tão bem. Se dizia macumbeira
e achava que os vizinhos queriam fazer –lhe mal, e me dizia que iria fazer uns
trabalhinhos contra todos. Tudo bobagem, pois ficou muito doente, não resistiu
e morreu. Já que este é o destino de todos nós seres humanos.
A filha que, de juízo não tinha
nenhum, vendeu logo o imóvel por alguns míseros trocados e quem comprou, mandou
derrubar tudo para construir uma nova casa. Acabou fazendo da minha vida um
inferno com sujeira e barulho ininterrupto, caminhões a toda hora, caçambas e a
proprietária não se deu ao trabalho de trocar nem três palavras comigo, para se
justificar.
Em frente à direita, desde que
mudei para minha casa, e até hoje, moram o casal Petras e a italiana Domênica.
Ela, uma pimenta malagueta, barraqueira de primeira e eles sim são muito bons
vizinhos, com os quais mantenho muito bom relacionamento.
Ela sabe das notícias melhor do que
o Jornal Nacional. Sempre me põe ao par das últimas futricas dos vizinhos. Me
conta tudo tim tim por tim tim. Sabe tantos detalhes que me faz lembrar aquele
samba antigo. “Pum Pum Pum, estourou a bomba na casa dela, ela falava da vida
dos outros e acabava falando da vida dela”.
Trocamos muitas guloseimas e eles
me enchem de mimos, vira e mexe o Petras ou ela, me trazem novos pratos e
querem que eu dê minha opinião de como está a comida. Querem saber do sabor e
se acho que tem algo a acrescentar ou tirar.
Estes são os vizinhos que me dou
bem. Por fim aqueles que nem sequer cumprimento. Um caminhoneiro grosso e pelo
que sei, até tiro já tomou, e dá para perceber que esse é daqueles que o velho
ditado diz que: “não dá para gastar vela com mau defunto”.
Mais ao lado, mora um tipo alemão
atarracado. O mínimo que posso dizer, é que é, um cavalo de pessoa, põe grosso
nisso. Quando cheguei para morar na minha casa, toda noite ouvia uma gritaria.
Era ele agredindo a esposa. Me parece que ele parou de bater nela, pois não
ouço mais nenhum barulho. Vai saber lá o que acontece?
Não olho na cara dele e sempre que
nos cruzamos, um ignora o outro e me parece que antipatia é recíproca.
Posso dizer que é importante se
relacionar com os nossos vizinhos desde que eles sejam boas pessoas e queiram
ser nossos amigos também.
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