O sonho de uma árvore
Ana
Catarina Sant’Anna Maués
Meu tronco largo indica os anos que tenho, posso adiantar que já passam de cem. Estou firme, plantada no meio de uma estreita praça e tenho orgulho da minha solidão, pois posso aproveitar, do alto dos meus quase cinco metros, o sol a aquecer minhas folhagens, e em noite de lua, receber o presente de sua doce luminosidade acarinhar-me.
Dou abrigo a vários tipos de ninhadas, pois recebo a visita de enamorados Trinca-ferro, Corrupião, Canário e outras tantas espécies, e como retribuição recebo belas melodias. Acolho com satisfação, a encantar meus galhos orquídeas em suas mais belas floradas. E assim passo o tempo, porém quando vejo as crianças a brincar próximas a mim, fico triste com minha impossibilidade de com elas correr sem limite.
Apesar de não ser frutífera, tenho
consciência de minha importância para homens e mulheres que desfrutam de minha sombra,
mas a facilidade que têm de deslocar-se de um lado ao outro chega a
incomodar-me, uma pitada de inveja surge. Liberdade é o nome. Não chego a
chorar ou desesperar, mas minha vontade de vez por outra trocar de lugar, ver
outras paisagens faz apertar o coração. Todavia de uma coisa não me permito
privar-me, posso sonhar, e quando sonho sou livre e consigo fazer o que quiser,
até mesmo fazer de um galho meu, o esboço de um menino e senti-lo desprender-se
de mim, indo correr e brincar como se ser humano fosse.
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