BALEIA,
O CÃO FIEL
Adelaide
Dittmers
Os
olhos tristes de Baleia se fixaram na pobre família, que o criara desde
pequenino. O
esforço em abanar o rabo para demonstrar a gratidão, que
sentia, fez tremer seu corpo fraco e doente.
Sei que vou morrer, tentava dizer na sua linguagem de cão.
Os dois meninos abaixaram-se para acarinhá-lo, passando
as mãozinhas magras e encardidas pelas feridas do corpo de Baleia. Ele encolheu-se. Não queria transmitir-lhes a sarna, que
devorava sua pele.
Um latido rouco, quase inaudível, quis falar-lhes que seu
desejo era que se alimentassem dele para matar a fome, que os consumia. Esse
era seu último desejo, a expressão de sua gratidão.
Mirou-os pela vez última e estremeceu pelos estertores
que a morte trás. E se foi. O choro dos meninos ecoou por aquela região
seca e sem vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.