A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

AINDA HÁ TEMPO PARA AMAR - CONTO COLETIVO 2011

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

BIBLIOTECA - LIVROS EM PDF

quarta-feira, 28 de maio de 2025

BALEIA - DINAH RIBEIRO DE AMORIM

 



BALEIA! 

(fluxo de pensamento)

Dinah Ribeiro de Amorim

 

— Fora, Baleia! Não tem comida para você.

 

Saio andando de cabeça baixa, orelhas murchas, caminho pelo chão batido e seco, até me cansar...

Sinto, de repente, a terra macia, uma água se aproxima, permaneço quieto e parado. O local se enche de água. Fico boiando nessa água limpa e cheirosa, sinto-me bem, alivia o meu cansaço.

Meu corpo se transforma, ao invés de patas, tenho nadadeiras que parecem asas. Mergulho e nado nessa água gostosa, que alivia o calor de fora e me distrai da fome. Olho ao redor, vejo que me olham, curiosos, alguns peixinhos...

Meu nome é Baleia, mas nunca pensei que era um peixe. E peixe grande!

Abro a boca e vários, pequenos, me saciam a fome. Os maiores, peixes grandes como eu, fogem, assustados.

Que delícia de vida estou levando. Sem sede, sem fome, sem excesso de calor, longe daquela terra seca e miserável que tinha.

De repente, um latido forte, caio numa cachoeira. Esforço-me para sair dela. Abro os olhos. Percebo que dormi.

Volto ao chão de terra, ao calor do tempo, à fome que sentia.

Não sou peixe, mas o cão Baleia, moro com retirantes desse sertão maldito; expulsam-me quando a família consegue um naco de carne; mal dá para todos.

Triste e solitário continuo a caminhar...Talvez ache algum bichinho apetitoso nesse deserto sofredor...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

Cleuza entre o topo e o fundo. - Alberto Landi

    Cleuza entre o topo e o fundo. Alberto Landi   Diziam na cidadezinha onde vivia que Cleuza nasceu para brilhar, mas a verdade é qu...