Aqueduto das Águas Livres
Alberto Landi
Todos nós sabemos que a água é fundamental para a
vida de todos nós.
Atualmente é um ato de irresponsabilidade abrir uma
torneira e deixar a água fluir livre ao desperdício.
No passado não foi sempre assim, as águas corriam
livres sem nenhum zelo a preservação e estocagem.
Levar água às populações passou a ser uma
preocupação contínua. Surgiu a necessidade de uma estrutura na criação de
adutoras na captação e no transporte.
O dia 22 de março é o dia mundial da água, o
elemento mais importante para o sistema de vida no universo, e que a cada dia
se torna mais escasso.
Uma verdadeira obra de engenharia, o Aqueduto das
Águas Livres, em Lisboa, um monumento que vai resistindo ao longo dos séculos,
uma arte fantástica, onde as águas correm livres, saciando a população
lusitana.
Em 1755, quando um terremoto arrasou grande parte
da cidade, a notícia se espalhou rapidamente pela Europa toda, causando uma
consternação geral.
Essa tragédia resultou numa intensa produção
literária e filosófica.
O que mais se destacou foi Voltaire, gostava de
imortalizar os aquedutos através de sua obra literária, e Lisboa tornou-se o
destino de muitos escritores que fizeram daquele momento o carro chefe de suas
obras e relatos.
Naquele cenário de devastação, há um monumento que
se destacou intacto, foi esse Aqueduto. Ganhou notabilidade e é uma das mais
magníficas obras de construção moderna na Europa. O sentimento de admiração é
algo indescritível, creio que nos falta capacidade para descrever com detalhes.
Autêntica obra de arte se igualando com castelos e
palácios, diria que é uma engenharia e arquitetura praticada com verdadeira
magia, superando monumentos modernos construídos com recursos tecnológicos da atualidade.
Construído durante o reinado de D. João V para
fornecer água a Lisboa, viria a ser terminado em 1744, tendo resistido ao
terremoto.
Incluía uma passagem para que os habitantes
pudessem atravessar o vale de Alcântara, desde Lisboa até Monsanto, chamado
Passeio dos Arcos.
Em 1844 foi fechada essa passagem motivada pela
presença de um serial killer, de nome Diogo Alves, natural da região de
Galícia. Ele roubava quem passasse e lançava suas vitimas do alto do aqueduto,
simulando suicídio. O bandido do aqueduto como foi chamado, em 1840 foi
condenado à morte.
Essa ação criminosa lembra o famoso fora da lei, o
cangaceiro Lampião, que morreu emboscado pela polícia, depois de aterrorizar o
nordeste brasileiro.
Desde o tempo dos romanos que a água potável era
bem escassa em Lisboa, mas o problema agravou-se quando esta se tornou a
capital de um império.
No século 18, D. João V incluiu na sua política de
opulência uma solução monumental para abastecer a cidade, um gigantesco
aqueduto inspirado no Tratado de Vetrúvio.
Marco Vetrúvio Pollio, viveu no século 1 a.C., ele
foi arquiteto, engenheiro, agrimensor, pesquisador e teórico romano. Ficou
conhecido pelo tratado da arquitetura, é o único tratado europeu do período
Greco-romano que chegou aos dias atuais, sendo inspiração aos elementos
arquitetônicos e estéticos das construções, são 18 volumes.
Essa ambiciosa obra hidráulica teve engenheiros
português, italiano, alemão e húngaro, iria ligar 58 nascentes do concelho de
Sintra a Lisboa e levaria esse bem à zona ocidental da cidade.
Os romanos foram os maiores especialistas nesse
tipo de construção, tinham deixados testemunhos vários espalhados por Portugal.
Desenhos, maquetes e plantas de aquedutos da cidade
de Roma, foram consultados para desenhar o de Lisboa. Este se tornou resistente
ao grande terremoto, admirado por pintores e viajantes como obra de arte, sobre
o vale de Alcântara.
Iniciado em 1732 e terminado em 1799, recebe ainda
apontamentos do barroco, e um passeio público ao longo dos grandes arcos, onde
se chegava a Monsanto.
No final a água era armazenada no reservatório das
Amoreiras de onde partiam galerias subterrâneas que serviam os novos
chafarizes.
Tem 58 km de extensão, uma obra ambiciosa que
nasceu para abastecer a cidade e cumprir a visão de um rei.
São 21 arcos de volta perfeitos e 14 arcos centrais
em ogiva. Abastecia 34 chafarizes.
Era o reino mais rico da Europa, até então a água
vinha de poços, de fontes e da chuva acumulada em cisternas.
Com ouro e diamantes vindos do Brasil, não foram
suficientes para financiar a totalidade do projeto, então, durante mais de 70
anos, é cobrado à população um imposto adicional chamado o Real de água.
Durante 220 anos abasteceu a capital portuguesa,
quando foi desativado pela Empresa de Águas Livres.
Uma das mais importantes obras do Brasil colonial,
inspirada no de Lisboa, mas apenas com 270 metros de extensão, foi o aqueduto
da carioca, ligando o morro de Santa Tereza ao de Santo Antonio, inaugurado em
1750 com o objetivo de levar água à população. A partir de 1896, passou a ser
utilizado como viaduto para os novos bondes de ferro.
O vale de Alcântara representa uma importante
estrutura sobreposta ao sistema hídrico e um relevante eixo verde, ligando a
área planáltica e a frente ribeirinha, na zona de Campolide a Alcântara.
O Aqueduto das Águas Livres continua sendo um dos grandes monumentos e símbolo da capital portuguesa!
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