AMOR, ESSE IMENSO MAR
Isabel Lopes
Era
um dezembro morno e as casas enfeitadas com sinos, guirlandas e pisca-piscas
anunciavam a chegada de um Natal que eu queria evitar.
Mergulhada
em minha rotina, eu me refugiava no quarto entulhado de livros e escritos
ilegíveis, onde passava a maior parte do dia.
Na
estante, um livro me escolheu (porque os livros fazem isso...) era Tudo e Todas as Coisas, de Nicola Yoon.
Li
algumas páginas, buscando entender o que o titulo queria dizer. Depois, escorreguei
na cama macia com o livro sobre o peito.
A
campainha tocou e foi aí que, sem motivo aparente, uma alegria me tomou e, como
uma criança espevitada, me enlaçou pela cintura fazendo meu mundo girar, embriagado
por uma repentina felicidade.
O
que aquilo queria dizer? A vida continuava tão igual.
A
não ser pela chegada daquele inusitado visitante...
Minha
mãe atendeu, era um amigo da família. Quanto
tempo, desde que se casou e depois mudou de cidade... soube que havia se
divorciado.
Talvez
estivesse se sentindo só. Procurava pelo meu irmão, eram amigos desde a
adolescência.
Levantei-me
e fui até a porta. Fala “oi!”’, me
obriguei um pouco desconcertada. Ele retribuiu e prosseguiu o diálogo com meus
pais sobre os velhos tempos.
Eu
acompanhava a conversa com os olhos, sem participar. Apenas sorrindo quando
convinha, pois, precisava gastar a súbita carga de felicidade represada dentro
de mim.
A
vida seguiu sem novidade depois daquele dia, até quando ele fez o primeiro
contato pelo serviço de mensagem instantânea.
Era
o início de longas conversas sobre Tudo e
Todas as Coisas, como o titulo daquele livro. Descobríamos semelhanças,
afinidades, compartilhávamos paixões e desafetos... eram diálogos calorosos que
não tinham pressa de acabar.
Falávamos
apenas por mensagens... não tínhamos coragem de ligar! Medo de não saber o que
dizer, da voz falhar, de escapar um suspiro que denunciasse aquilo que já
sabíamos estar nos envolvendo.
Mas um dia ligamos! E foi na troca
de doces palavras que tivemos a certeza que nos pertencíamos!
Então entendi aquela felicidade que havia
se instalado previamente em mim. Era alegria que premonizava esse inusitado
encontro que nos tornou adolescentes em plena maturidade!
Sem pudor, mergulhamos nas águas
doces da paixão, até navegarmos pelas ondas profundas do mar do amor.
Hoje eu te olho e percebo que tudo
tinha de ser como foi.
Seguimos velejando por esse imprevisível
mar, sobrevivendo às ondas impiedosas, ousamos mergulhar cada vez mais fundo.
Belisa
Poscam
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