A ÚLTIMA CENA
Isabel
Lopes
O
destino, esse brincalhão, parecia não se cansar de empurrar Jandira por
caminhos controversos.
Outrora
renomada atriz de teatro, hoje chafurdada em dívidas. Só lhe restava,
sobreviver como sabia: criando e interpretando personagens.
A
pobre cega viúva e desamparada era sua mais nova criação. Parada na Praça da
Matriz, disfarçada em óculos escuros, lenço nos cabelos, bengala e trajes
maltrapilhos, ela pedia esmolas com uma sugestiva placa na mão que dizia: Sou
cega, mas vejo que seu coração é generoso. Uma esmola, por favor!
Era
assim que, ilicitamente, Jandira garantia uns bons trocados naqueles tempos
difíceis.
Só
não contava naquela noite com o tumulto próximo a igreja! Falava-se em assalto,
pessoas correndo assustadas...foi isso que a levou, de olhos bem abertos, a
correr também.
Foi
então que, reconhecida por populares, a pseudo-viúva cega estava prestes a ser
linchada e, tudo levava a crer, que o povo ia ate o fim!
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