A
BUSCA DA FELICIDADE!
Dinah Ribeiro de Amorim (AMORA)
“Buscai
antes o reino de Deus e todas estas coisas vos serão acrescentadas...” (Lucas
12:31)
Caminha um homem muito triste e abatido, cansado e decepcionado com as
amarguras do mundo. Seus problemas foram tantos que abandona tudo e sai à busca
da felicidade ou, pelo menos, momentos felizes.
Percorre caminhos estreitos, perigosos, que se abrem em montanhas e
vales. Atravessa rios perigosos, riachos profundos, cachoeiras volumosas que
terminam em lagos quietos, tranquilos...
Conhece pessoas, grupos espalhados
aqui e lá. Aparentemente felizes, cantadores, tocadores, dançarinos, rindo e
brincando o tempo todo. Beberrões, tornam-se briguentos quando o álcool lhes
sobe à cabeça. A alegria transforma-se em raiva, apartada pelos mais velhos.
Falta-lhes domínio próprio!
Alguns grupos que encontra na sua caminhada são cultivadores da
natureza. Alimentam-se do que plantam.
São os naturalistas. Sente-se bem com eles, permanece ali certo tempo até que
percebe: também brigam muito. Dedicam-se exageradamente ao sexo, possuindo seus
homens inúmeras mulheres e grande número de filhos. Não há paz entre eles! Gera
contenda e acalmar mulheres ciumentas é difícil, sem falar na criação da
meninada, competindo o tempo todo. Problemas no relacionamento!
Continua sua jornada, ainda desgostoso da vida, procurando um povo feliz
e sem problemas para terminar seus dias e descansar finalmente.
Chega a um lugar repleto de construções: casas, templos, prédios. Homens trabalham o tempo todo.
Mulheres e crianças também na lida. Não se importam com a plantação, com a terra, mas com o que podem
tirar dela: sementes para vender, madeira para utilizar, borracha para
transformar. Possuem petróleo nas terras. Isso os torna ricos e prósperos. Dão
muito valor ao dinheiro e ao que podem adquirir e aplicar para conseguirem
mais. Aparentemente, a fartura, a riqueza e o conforto imperam. Seriam felizes?
Permanece por um tempo observando a fisionomia
das crianças, mulheres, jovens e velhos. Não têm sentimento. Agem mecanicamente!
Não expressam alegria. Verdadeiros robôs dedicados às finanças. Excesso de
materialismo!
Não, também não são felizes,
afasta-se e reinicia sua caminhada.
Cansado, senta-se em um local
sombreado, cheio de árvores frutíferas que caem na sua cabeça. Observa ao
redor, curioso e percebe muita água: lagos, rios, fontes, muita fartura de
peixes e terra boa e úmida para plantação. Procura seus habitantes. Encontra-os
espalhados, indolentes, gordos e
ociosos, comendo e dormindo a maior parte do tempo.
Tomam sol se é dia bonito e
recolhem-se às choças de palha, nas chuvas fortes. Não possuem grandes
preocupações, mas não se dedicam a nada. Gostam de comer e, para isso,
utilizam-se da fartura da terra que possuem. Não trabalham, permanecendo obesos
e aparentemente doentes. Até as crianças não correm e brincam. São apáticas e
muito robustas.
O velho homem medita e chega à
conclusão que também ali não permaneceria. Fartura demais naquela região.
Embora fosse um presente dos céus, seus moradores não tinham objetivos a não
ser comer e o excesso de comida acaba com eles. Transforma-os em preguiçosos e
doentes. Não dão valor ao que têm!
Restabelece-se do cansaço e continua
suas andanças pelo mundo.
Chega a um lugar fortificado, com estrondo de bombas e tiros. Seus habitantes,
continuamente em guerras, já não sabem como viver, a não ser odiar, guerrear e
matar. A cidade apresenta características tristes e grotescas. Um eterno
construir e destruir, atacar, defender, recomeçar.
Para entrar nesse lugar é feito
prisioneiro, recebendo inúmeras perguntas. Quem era? O que queria? O que fazia?
Amedrontado, justifica-se como pode, até que o
largam a um canto, percebendo que era inofensivo.
Adormece pensando “logo que puder, fujo daqui.
Detesto guerras e nem sei o por que de
tanta luta, nem eles mesmos sabem. Se houve motivos, já se esqueceram! Virou um
vício! O cultivo do ódio, do ataque, da defesa. Armas nas mãos de crianças!
Excesso de ressentimento! Falta de amor e perdão!
Afasta-se dali com o descuido da guarda e,
mais infeliz e abatido, caminha um dia inteiro, só parando à noite, para
descansar. Dormiria e, no dia seguinte, pensaria o que fazer de sua vida. Não
aguentaria muito tempo. Talvez estivesse no fim!
Olhando para o céu escuro, cheio de
estrelas que cintilam variadas cores, longínquas, inatingíveis, ofuscadas por
uma lua cheia, clara, risonha, que insiste em se mostrar a ele, fecha os
olhos. Qual seria esse mistério? O grande mistério do universo que ninguém
ainda conseguiu desvendar. Também, poucos se interessam por isso! Nem o notam!
Sonha. Um anjo aparece e o conforta,
dando-lhe uma paz incrível! Sente-se transportado em espírito. Uma voz
suave, doce, fala ao seu ouvido: “volte,
retorne aos seus familiares, ao seu povo, recomece sua história. Escreva suas
experiências. Sua procura pela felicidade fora de si mesmo. A felicidade que
procura está dentro de nós, de nosso coração, de nossa mente, de nossa ligação
com o Absoluto, de nossa ligação com Deus!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.