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quarta-feira, 19 de março de 2025

DILEMA - Adelaide Dittmers

 

 

DILEMA

Adelaide Dittmers

 

Muitas pessoas escondem segredos. A dúvida de revelá-los corrói suas almas e suas vidas.

 

Valentina revolvia-se na cama. A escuridão do quarto encobria sentimentos ambíguos, que a desorientavam.  Qual o caminho a seguir? O que era certo?  Haveria o certo ou o errado na situação em que se sentia enredada.

 

Seu pai sempre foi seu ídolo.  Inteligente, ético, carinhoso e compreensivo.  Quando se sentia perdida, era o barco que a levava para um porto seguro. A âncora, que a fazia parar e pensar.  Como poderia julgá-lo? Parceiro presente e amoroso da sua mãe.

 

Levantou-se como se tivesse levado um grande susto, empurrando as cobertas e sentando-se.  Os punhos fechados pressionam o colchão.

 

Precisava sair. Andar sem direção. Colocar a cabeça no lugar.  Vestiu-se rapidamente, ainda atordoada pela noite insone.  Percorreu o corredor com os tênis nas mãos para não acordar o pai e saiu para a rua.

 

O dia começara a empurrar a noite e derramava suavemente a claridade pela cidade, que, sonolenta, começava a acordar pouco a pouco.

 

Vagou pelas ruas sem um rumo certo. A grande praça surgiu à sua frente.  Um vento suave sacudia as folhas das árvores, que exalavam o fresco aroma da natureza.  Um sabiá fazia seu concerto matinal.

 

Ela se jogou em um banco.  Os olhos perdidos e o coração descompassado. A imagem da mãe doente fez com que fechasse seus olhos, espalhando a dor que sentia por todo o corpo, que, involuntariamente, se contraiu.

 

A descoberta que fizera de que o pai, um conceituado médico, havia escondido uma droga, que pretendia dar à mãe, que estava sofrendo terrivelmente, acometida por um câncer, que estava devorando seu corpo e empalidecendo sua alma, atingiu-a como um raio.

 

Ele estava agindo por amor, mas teria esse direito? Não poderia ter escolhido tirar os medicamentos e antecipar o desenlace.

 

O choro a sacudiu.  Tinha que agir e impedi-lo de cometer esse crime. Sentiu-se no meio de um furacão de emoções contraditórias.

 

Entregar o pai querido ou calar?

 

Levantou-se resoluta.  Iria confrontá-lo.

 

Entrou em casa com passos firmes, o coração aos saltos.

 

Ouviu um choro convulso, vindo do quarto.  Correu para lá. O pai soluçava abraçado à mãe, que acabara de partir. O frasco da droga vazio jazia na mesinha de cabeceira.

 

Estacou à porta, a respiração suspensa.  Correu até a cama e os abraçou.  Sabia agora o que fazer. A decisão estava tomada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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