POR
UM TRIZ
Henrique Schnaider
Luiz sempre foi um rapaz sem juízo. Ainda jovem,
dava muita dor de cabeça aos seus pais, era sapeca levado da breca. Reclamações
dos vizinhos, brigas com os amigos, o jovem era um estopim.
O velho ditado já diz “pau que nasce torto, não tem
jeito, morre torto”. Com o passar do tempo as coisas só pioraram. Com quinze
anos de idade, envolveu-se com gangues, gente da pesada. Não haveria senão,
outra consequência do que, entrar de cabeça no mundo das drogas.
As dores de cabeça só aumentaram para os pais do
rapaz. Uma coisa puxando a outra. Más companhias, drogas e encrencas dos mais
variados tipos. Conflito de gangues. Roubos e assaltos para sustentar o vício. Começou
também, para angústia deles, a roubar objetos de dentro de casa, e por último
perdeu o respeito, com ofensas e ameaças de agressões.
Toda esta situação de conflitos, levou Luiz à beira
do precipício. Estava próximo de um fim muito triste. Seus pais tentaram de
todas as formas, levá-lo para um tratamento, uma clínica especializada de
recuperação de drogados.
Luiz ia, porém não ficava, e na primeira
oportunidade, tratava de fugir e voltava para junto dos infelizes, que passavam
pela mesma situação de abandono, de vida precária e se juntavam aos bandos na
região conhecida como cracolândia. Os pais desesperados não sabiam do seu
paradeiro.
A situação neste mundo do cão, que é a cracolândia,
torna os seres humanos, piores do que animais. Falta de higiene, promiscuidade
sexual, mulheres engravidando sem sequer saber quem foi o pai. Uma degradação
completa.
Luiz sempre que via alguém conhecido passando por
ali, tratava de se esconder, pois não queria sair deste Inferno de Dante, já
que fazia parte do quadro dos desesperados. Neste lugar ele se integrava. Pois
todos que estavam ali, tinham os mesmos problemas que ele.
Um colega de infância, passando naquela região,
reconheceu o amigo e ficou chocado ao vê-lo na situação de penúria em que se
encontrava. Avisou aos pais dele. Descreveu o local, para que pudessem localizar o filho.
Imediatamente, seus pais se dirigiram para aquela
região e não foi difícil encontrá-lo. Luiz estava irreconhecível. Era chocante
vê-lo já que se tornara um andrajo humano. Tentaram convencê-lo a voltar com
eles para casa. Num primeiro momento, os apelos estavam sendo infrutíferos.
Parece que alguma coisa ainda restava de sentimento
no rapaz, e algo mexeu lá no fundo do seu coração, ele percebeu as lágrimas de
sangue rolando dos olhos de sua mãe.
Finalmente, ele concordou em ir junto com eles para
casa onde puderam transformá-lo novamente num ser humano. Tomou um banho,
vestiu roupas limpas e cheirosas, almoçou comidas que sua mãe sabia que ele
gostava.
Luiz foi tocado, ao ver a tristeza que aparecia nos
olhos de sua mãe. Estava disposto a começar um tratamento de desintoxicação,
com assistência de Psiquiatra e Psicólogo, e começar uma nova vida.
Seus pais estavam esperançosos que dessa vez, Luiz
iria se recuperar e dessa forma, escapar por um triz de uma morte horrível, como
acontece com todas as pessoas que se entregam a este tipo de vida.
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