O contador de histórias
Henrique
Schnaider
John
era um contador de histórias, as mais malucas possíveis.
Os
habitantes da Vila Gasadalur, costumavam se reunir em volta fogueira que
crepitava toda noite e ouviam as histórias que John contava com tanto
entusiasmo, e por mais absurdas que fossem
as aventuras, todos atentos ouviam com a maior credibilidade.
Uma
noite fria John chamou todos para próximo da fogueira e disse que iria contar
uma história vivida alguns anos atrás.
Contou
que um dia ele saiu para alto-mar com seu barco vermelho que rangia de encontro
com as ondas que chegavam à arrebentação e lutando bravamente, finalmente
ganhou o alto-mar.
Quando
tinha navegado mar adentro por duas horas, parou o barco e fez-se o silêncio
quebrado apenas pela marola batendo.
Calmamente
John preparou sua tralha de pescaria. Escolheu a
linha mais resistente, desta vez traria um peixe grande. Arremessou-a para longe.
Fumava
cachimbo e se lembrava de histórias
passadas, enquanto aguardava algum sinal na linha, quando de repente a vara
vergou completamente. O velho pescador emocionado pensou que desta vez pegou o
tão desejado peixe Agulhão.
Durante
várias horas ele lutou bravamente com aquele peixe que insistia em não se
entregar, saltava fora da água e se escondia em maravilhosos mergulhos. A esta
altura John já sabia que era o seu tão esperado Agulhão Bandeira, e pelo
tamanho e força de resistência, calculou que deveria ter uns sessenta quilos.
Quando
o pescador já estava dando sinais de exaustão, pensando que mais uma vez
perderia a batalha, finalmente conseguiu trazer aquele peixe para perto do
barco.
John,
então, percebeu que tinha um problema, já que o Agulhão não cabia no barco. Não
titubeou, tratou de amarrar o peixe bem próximo e sem perder mais tempo quebrou
o silêncio do mar ligando o motor, e com a máxima velocidade voltou para o
porto.
Para
seu desespero o trajeto de volta foi cercado de grande pavor. Os tubarões não
deram trégua colocando ele e seu peixe em perigo. Maior surpresa de John foi, quando chegou ao porto ver que só havia
sobrado a cabeça do Agulhão.
Os
nativos ouviram respeitosamente toda a história e depois foram dormir,
imaginando a aventura que o velho pescador havia passado.
John
ficou sozinho se aquecendo na fogueira dando um sorriso maroto, pensando em outras histórias que iria contar
nas noites frias da Vila Gasaladur.
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