Somos todos iguais
Alberto
Landi
Todo
ano, no dia 2 de novembro tenho o costume de visitar meus parentes que não
estão mais nessa vida e levo flores ao túmulo gelado de mármore de meus avós.
Penso
que cada um deve fazer a sua homenagem como pode.
Este
ano aconteceu comigo uma coisa muito estranha depois de ter cumprido essa
triste missão.
Veja
o que aconteceu!
Aproximava-se
o horário de fechamento do cemitério, eu vagarosamente estava para sair e me
distrai, admirando algumas sepulturas que mais pareciam obras de arte. Mas uma
delas me chamou atenção que tinha os seguintes dizeres:
Aqui
dorme em paz um nobre industrial, proprietário de vários imóveis, falecido em
31 de dezembro.
Ali
havia brasão e coroa, uma cruz feita de lâmpadas, vários buquês de rosas com
uma lista de luto, velas e castiçais.
Bem
ao lado deste ilustre morador, havia outro pequeno tumulo, abandonado, sem
nenhuma flor, somente uma pequena cruz. E sobre a cruz lia-se apenas: gari Domenico Pazzi.
Olhando
o túmulo, dava pena, nem sequer havia uma lamparina.
Esta
é a vida, pensei! Este pobre homem não esperava ser um mendigo no outro mundo.
Enquanto
refletia sobre isso, já era noite e o cemitério foi fechado.
Fiquei
trancado como se fosse um prisioneiro, com muito medo na frente das velas.
De repente,
o que vejo de longe? Duas sombras se
aproximando de mim
Estranho!
Estou acordado, durmo ou é fantasia?
Era
o industrial, com charuto, chapéu e, sobretudo, o outro atrás dele com uma
ferramenta com uma vassoura na mão, era o gari.
Eles
estão mortos e aqui presentes?
Quando
estavam bem próximos, o industrial parou de repente, se volta lentamente... Calmo
, diz a Domenico:
—
Meu jovenzinho! Eu gostaria de saber de você, seu bastardo, com que ousadia e
como você se atreve, ser enterrado, ao meu lado, eu que venho de uma família
nobre. Cheguei há pouco de uma viagem à Terra Santa, contemplei os mares
intermináveis do deserto, as curvas e arabescos das mesquitas e o chamado à
prece dos fieis sarracenos, experimentei as especiarias aromáticas, as cores vívidas,
o gosto apimentado da comida, e o brilho do sol lindo, ao se por sobre
Jerusalém, e agora infelizmente estou aqui. E você?
— Sou
apenas um gari, uma das profissões mais nobres.
— Linhagem
é linhagem, tem que ser respeitada, mas você perdeu o senso e a medida, seu
corpo foi enterrado no lixo.
— Não
posso suportar a sua proximidade fedorenta, é necessário que você procure uma
vala e que seja distante!
— Mas
senhor empresário, não é culpa minha eu não fiz nada de errado, minha família
me deixou aqui, o que fazer se eu já estava morto? Se estivesse vivo seria
diferente, levariam em uma caixa os ossos e iria para outra vala.
— E
o que você está esperando? Que minha raiva atinja você? Se eu não fosse um nobre,
já teria dado lugar à violência. Essa conversa está me chateando, se perco a
paciência, esqueço que estou morto e queimado.
— Mas
quem você pensa que é um deus? Responde o gari.
— Quero que você entenda que aqui dentro somos
todos iguais. Você está morto e eu também.
— Porco
imundo, como você se atreve, a se comparar comigo? Sou ilustre e de fazer
inveja a muitos príncipes reais.
— Você
é fantasioso diz o gari. Um rei, um magistrado, um grande homem ao passar por
este portão, já perdeu tudo, a vida e o nome também, você não se deu conta
ainda?
— Portanto
me escute, não se faça de orgulhoso, suporta-me vizinho. Essas diferenças são
feitas apenas pelos vivos. Pertencemos a outro mundo!
Estamos
no mesmo nível a sete palmos!
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