O
Encantamento das Águas
Rejane Martins
Não importa se conhecemos as explicações
científicas ou até mesmo a incompreensão que permeia a Sandy Island, o
Triângulo das Bermudas, a Atlântida, ou monstros marítimos. A verdade é que
esta grande concentração de água, mexe com a imaginação e credulidade dos seres
humanos. Parece até que se utiliza do canto de suas sereias para fascinar e
hipnotizar, mesmo que ora se apresente cruel, ora plácida.
Os mais antigos relatos nunca negaram o poder deste
líquido. As passagens de Moisés e Noé na bíblia relatam como a fúria das águas
protegeu os inocentes e castigou os infiéis.
Os mares sempre abrigaram mistérios e desventuras. Na
Odisseia escrita em 1.300 a.C., Homero descreve os 17 anos de desventuras vividas
por Ulisses pelos mares, à mercê de toda a sorte.
E os vikings que por desbravar de peito aberto os
oceanos, foram considerados pela mitologia nórdica os verdadeiros
representantes da virilidade masculina.
Já na Idade Média, a supremacia marítima de países conferia-lhes
poder e dominação, tamanho era o seu prestigio. As histórias advindas da corte invariavelmente
exaltavam os feitos marítimos e seus heroicos protagonistas, agora endeusados
pelos pobres mortais.
E quantos romances envoltos em mistérios e magnetismo
iniciou-se sobre as águas. Quem não se comoveu com a fortuna de Jack e Rose passageiros
do Titanic, o oceano interpretou o principal papel da trama guardando em suas
profundezas o amor verdadeiro do casal até ser coroado com o diamante, que sem
pudor algum havia roubado a cor mais pura daquelas águas.
Se a Sandy Island existe ou não, não tem a menor
importância para a crença popular. Os oceanos continuam exercendo o fetiche, e permeando
a imaginação das pessoas, o seu poder e mistério são tão implacáveis, que mesmo
sem querer exige o respeito e admiração, ao mesmo tempo que promove o devaneio
coletivo.
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