A FESTA
Christianne Vieira
Clara levantou cedo, estava muito animada, teria um dia cheio
de compromissos e uma festa a noite.
Pensara a semana toda no que
vestiria, e desejava ser a mulher mais bonita da noite. No metrô, indo para a faculdade,
pensava em seu armário e com a ajuda de uns looks, que vira em uma postagem,
combinava suas peças.
Tinha uma grande amiga, Paula.
Elas se conheciam desde o primeiro ano da faculdade, e agora, que já estavam
quase se formando, eram inseparáveis.
Elas estudavam moda, o que
tornava ainda mais difícil se imaginar maravilhosa em uma roupa. Passavam os
dias montando figurinos, com assistentes
na produtora onde trabalhavam.
Conviver em uma ambiente,
repleto de celebridades, tinha um alto custo. A exigência era enorme, o tempo corrido,
as produções, feitas da noite para o dia
com os prazos curtos demais.
Paula, vendo que Clara havia
chegado muito preocupada, se aproximou da amiga, querendo saber o motivo? Clara
lhe contou que a festa da revista que iriam a noite, teria muitos famoso, e mulheres
lindas, bem vestidas, por mais que ela tentasse, não conseguia montar um look
apropriado.
Ela sabia que encontraria Ronaldo,
sua paquera há muitos meses. Queria
impressioná-lo, e estar maravilhosa.
Paula se lembrou de um
vestido que uma loja nova havia mandado como amostra de sua nova coleção. Era
de cor azul marinho, com caimento perfeito, nem justo, nem largo, ficaria lindo
em Clara, já que ela tinha olhos azuis, e cabelo loiro cacheado.
Ela o experimentou, e por
ser bem magra, ficou perfeito. Faltava um sapato, uma bolsa de mão e uma
maquiagem bem feita.
Mas como ela poderia usa-lo?
No inicio, Clara não queria,
mas depois, pensou melhor, e imaginou que esse empréstimo, não estaria lesando
ninguém, ela era uma pessoa honesta e trabalhava na produtora há três anos.
Cansara de ver roupas serem emprestadas.
Foram para casa, se
arrumaram e partiram para a festa.
O evento aconteceria em um
casarão antigo, com pequenos traços do já modernismo arquitetônico, decorado em
estilo anos vinte desde a fachada de pedras com videiras até o cortinado pesado
que cobria as imensas janelas. A banda tocava
Louis Armstrong ao vivo no jardim de inverno, e o estilo quase clássico
dominava o ambiente.
As celebridades da moda, bafônicas,
esbanjando sensualidade, em vestidos de
alta costura.
As amigas maravilhadas,
estavam muito felizes, e saboreavam cada flash, cada minuto. Clara procurava
por Ronaldo, já havia passado por todas as salas e não o vira.
A noite estava muito quente,
e com tantas luzes, parecia ainda mais. Depois de várias tacas de espumante, Clara
resolveu dançar, seria uma boa ideia para esquecer seus contratempos. Foi
quando viu Ronaldo, ele estava aos beijos com uma ruiva.
Em um minuto tudo desmoronava,
e seus sonhos com a noite especial, desapareceram.
Muito decepcionada, resolveu
que seria uma ótima desculpa para beber ate não aguentar mais. Paula tentou em vão
dissuadi-la, mas foi impossível. Após algumas horas, ela levou Clara para tomar
um ar no Jardim, pensou que seria apropriado ela sentir a brisa, encher o
pulmão de ar puro. O mundo dela estava do avesso, investira nesse sonho durante
meses, pensava que essa noite conseguiria se aproximar dele.
Sentaram então no banco, os
olhos de Clara cheios de lagrimas, o coração apertado, fechou os olhos, e
adormeceu.
Quando acordou de um sono
breve, não se lembrava de nada, a amnésia era como um balsamo para aliviar a sua dor.
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