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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Sonho Dourado - Rejane Martins


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Sonho Dourado
Rejane Martins

Karina, jovem pernambucana de origem humilde, sonhava em conquistar uma vida mais glamorosa, com muito luxo e como não podia faltar um amor incondicional que a acalentasse todos os segundos de sua existência.

Domingo ensolarado, acorda cedo para não perder nem um minuto do único prazer que a sua condição lhe oferece. Prepara-se rapidamente e ruma para a praia da Boa Viagem.

Para não contradizer a mesmice do local, foi necessário garimpar um espaçozinho na areia. Acomodou-se e só então se permitiu olhar para os lados e avaliar as possibilidades disponíveis no dia.

Na primeira varredura, detectou à sua esquerda, isto é algo premonitório o mesmo lado do coração, um deus grego imponente e majestoso.

Daniel lia um enorme livro em francês, envergonhada confessou para si mesma que o artefato cultural a impressionou mais que o próprio leitor.

Conversa vai, conversa vem, decidiram marcar o primeiro encontro para aquela mesma noite. Muitos outros se sucederam até o momento crucial se tornar cruel. Chegara o momento de Dany retornar ao Canadá, em meio a um turbilhão de sofrimentos surgiu a proposta de casamento e a possibilidade de fixar residência em um país de primeiro mundo. Sem muito pensar e banhada em lágrimas aceitou. Os trâmites foram apressados e a lua-de-mel seria a ida para sua nova casa.

Assim que o avião pousou em Montreal, Karina se sentia a protagonista de um sonho, tudo era deslumbrante, se inebriava com a paisagem, com ar, com a nova condição de princesa que acabava de conquistar.

Em casa a mãe de Dany os esperava com uma refeição recém elaborada. Porém o cansaço da viagem, as fortes emoções vividas obrigaram Karina a se recolher. Amy apressou-se em mostrar o porão da casa devidamente arrumado para ela.

A decepção estampou-se no rosto da jovem que logo procurou pelos olhos do amado suplicando proteção. O marido sentindo-se requisitado, logo esclarece ser um costume local e que o porão é um cômodo tão bom quanto qualquer outro da casa.

Muito contrariada mas também cansada demais para discutir, desceu as escadas e se acomodou junto com Daniel na alcova. Abraçam-se com ternura e logo adormecem.

Durante a madrugada Karina acorda subitamente e nota que está sozinha, tateando pelo espaço escuro procura pela porta, ao encontra-la constata que a está trancada. Bate por diversas vezes, vasculha o carpete da escada com a esperança de achar a chave que a libertará, mas tudo em vão.

Passa o resto da noite acordada, analisando todos os acontecimentos, o medo e a dúvida começam a tomar conta da mente. Como procurar a embaixada brasileira, não sabe se comunicar naquele idioma e nem tem dinheiro sequer para pegar um ônibus. O que esperar dos donos da casa? Mesmo envolta em pensamentos confusos e tumultuados, identifica o destrancar da porta, e um salto sobe rapidamente as escadas disposta a iniciar a sua primeira briga séria com o marido, mas assim que chega na sala percebe que Daniel já havia saído para o trabalho, só encontra a sogra que sem perda de tempo mostra-lhe a louça acumulada na cozinha e que deve ser limpa o quanto antes.


E foi assim que Karina conheceu o Canadá, um quadro pintado na janela da cozinha do homem idealizado como um sonho, iluminado pelo sol tropical.    

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