“QUEM DUVIDA?”
Rejane Martins
Solveig um sueco
audacioso, adorava explorar novos lugares, viagens para ele eram mais que frequentar
lugares turísticos, onde os badulaques e passeios vendidos a preços
exorbitantes eram rotina. Procurava por hospedarias adaptadas em casas de
habitantes que representavam o verdadeiro folclore do lugar.
Ainda na área do
aeroporto de Recife, procurava uma daquelas banca de jornal metida a besta,
aquela que todo aeroporto tem, comprou um guia que o subsidiasse na escolha da
cidadezinha mais atraente.
Passou os olhos
pelas folhas, e dentro das condições analisou as possibilidades. Um local na
Paraíba chamou a atenção, a bucólica Tuparitama. Contratou ali mesmo uma
corrida de taxi e sem perder tempo seguiu viagem.
Assim que chegou
foi orientado a procurar a casa do Seu Manezinho e Dona Quitéria. Era uníssono
os elogios com a limpeza, e as iguarias servidas eram de lamber os beiços.
À noite,
refastelado na rede armada na varanda, ouvia atentamente Dona Quitéria adverti-lo
não se aventurar pela mata depois que escurecesse. Sob o luar ela tinha dono,
um animal fogoso que a considerava propriedade exclusiva, ficava irado com
invasões. Perdia literalmente a cabeça, inicia-se a combustão pelos olhos que
rapidamente se alastrava, tomando todo o crânio.
Seu Manezinho,
apressou-se em completar a informação de que até então, ninguém sobreviveu a
visão para contar como o evento se desenrolava realmente.
O jovem hóspede
europeu, com real interesse na história prometeu a si mesmo que no dia seguinte
começaria a investigação fantasiosa. Por hoje ele dispensava, estava muito
cansado da longa viagem, ele era merecedor de uma boa-noite de sono, precisava
repor as energias antes de se aventurar por aí.
Assim ao cair da
segunda noite, saiu nas pontas dos pés, a justificativa polida era para não
incomodar o casal. A extraoficial era o temor que os velhinhos o tentassem
dissuadi-lo da saída. Começou a trilha, iluminava o terreno com uma potente
lanterna antes de pisar, tomou o cuidado de marcar o caminho de volta,
sentiu-se o verdadeiro protagonista da história dos irmãos Grimm.
Depois de algum
tempo, muito cansado mais por causa do calor e da umidade do que pelo esforço
físico, decidiu retornar e ter o repouso dos justos, sem ter ideia de que a
decisão foi tomada aquele era o momento exato. Mais um passo despencaria em um
abismo bem a frente, desequilibrou-se e por sorte só deixou cair a lanterna
antes de firmar os pés em terra firme.
Sem muita visão
foi tateando o caminho de volta, na esperança de encontrar os marcos deixados
na ida. Logo sentiu uma fungada quente no pescoço, arrepiou-se inteiro.
Virou-se cuidadosamente e avistou um belo alazão, iniciando o processo de
queima pelos olhos que logo se completou.
Calmamente o
animal passou pelo turista curioso, e com o movimento do rabo, deixou claro que
ele deveria segurá-lo firme. O animal iluminando o caminho, conduziu Soveig até
a hospedaria são e salvo.
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